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Geração Y quer um emprego que ame, mas deve ter paciência para crescer

Os jovens nascidos entre 1980 e 1995 -a chamada geração Y- têm pressa de crescer. "Eles têm uma formação mais sólida que a de seus pais, sabem disso e querem cargos de chefia", afirma Larissa Laibida, headhunter da recrutadora Robert Half.

Além disso, não escolhem uma carreira pelo dinheiro, segundo Eline Kullock, consultora de RH e especialista em gerações. "Eles têm razão: quem faz o que gosta tende a ter mais sucesso, já que se envolve mais e quer aprender."

O desenvolvedor Erick Saito, 21, trabalha com programação, atividade da qual diz gostar muito, e não está disposto a fazer outra coisa. "Se estivesse em uma vaga ou empresa mais ou menos, não ficaria muito tempo, porque acho que poderia escolher algo mais adequado às minhas expectativas", afirma.

Saito sonha com um cargo de gestão. "Mas já percebi que preciso ganhar experiência antes de chegar lá."

De acordo com Leni Hidalgo, doutora em administração e professora do Insper, é natural que o jovem seja imediatista. "Ele ainda está amadurecendo e é mais pautado pelo prazer do que pela realidade, que vai se apresentando a ele a partir das experiências boas e ruins", explica.

Avener Prado/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 29-03-2017: Nathalia heraki Bittar, 26, gerente de mkt O Carreiras dessa semana vai debater a necessidade, muito comum entre a nova geração, de transformar hobby em emprego e ter como prioridade amar o que faz. A Nathalia, no caso, está disposta a conceder e fazer sacrifícios na carreira em nome de seus objetivos. (Foto: Avener Prado/Folhapress, CARREIRAS) Código do Fotógrafo: 20516 ***EXCLUSIVO FOLHA***
A gerente de produtos Nathalia Bittar, 26, na empresa onde trabalha, em São Paulo

Para Tânia Casado, coordenadora do laboratório de carreiras da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP, essa pressa é produto do contexto atual, em que os empregos não dão a estabilidade que era comum até os anos 1980.

"A partir dos anos 1990, a natureza do trabalho muda. As pessoas deixam de ficar décadas na mesma empresa."

Nessa época, começou a ser sedimentada a ideia de que o avanço profissional é responsabilidade da pessoa, não mais da organização. Isso fez com que a "infidelidade" em relação à empresa aumentasse, segundo Casado.

Funcionário do mês

Hoje, 39% dos jovens de 19 a 35 anos querem trocar de emprego em até dois anos, de acordo com um estudo da consultoria Deloitte com 8.000 jovens de 30 países.

No ano passado, o índice era maior: 44%. A redução, para Luís Fernando Martins, diretor da recrutadora Hays, tem a ver com a crise econômica. "Há muitas vagas sendo preenchidas por seniores. Os jovens tiveram que ajustar as expectativas", afirma.

A gerente de produtos da Microsoft Nathalia Bittar, 26, percebeu isso. Ela teve que abraçar uma chance que não julgava ser a ideal quando foi transferida de área, há três anos.

"Não era a vaga dos sonhos, mas eu não poderia ficar parada esperando que ela chegasse. Sem isso, jamais teria chegado aonde estou."

Para Kullock, mesmo a vaga dos sonhos vai trazer desafios e frustrações. "Não existe trabalho sem problemas e dias ruins."

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