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Redes de empresas e iniciativas sociais são nova força do mercado

Um estudo de tendências da consultoria PwC, que mapeia o futuro da estrutura organizacional até 2022, aponta o surgimento de três universos bastante distintos, mas que devem coexistir dentro das empresas.

No "mundo azul", as organizações priorizam suas necessidades em detrimento da responsabilidade social, com ênfase na tecnologia para respaldar as decisões. No "mundo verde", o foco é a sustentabilidade corporativa. Já no "laranja" as grandes corporações são substituídas por redes de pequenas empresas.

"Há um crescimento das discussões sobre como desenvolver a sustentabilidade e incorporar eventuais prestadores de serviço", afirma o sócio de RH da PwC João Lins.

Isso não quer dizer que as grandes corporações perderão força, aponta Denize Dutra, especialista em gestão de recursos humanos e professora da FGV (Fundação Getulio Vargas). "Vejo uma presença forte das gigantes transnacionais, mesmo que concentradas, e um crescimento dos ainda incipientes mundos laranja e verde."

Mas a sustentabilidade passa por criar uma mentalidade mais ética entre os funcionários, diz John Boudreau, doutor em administração e professor da USC (Universidade do Sul da Califórnia).

"Há empresas que já incorporam aspectos comportamentais, além dos resultados alcançados, na avaliação de performance. Querem observar quais valores os profissionais trazem de casa", diz.

Os caminhos da gestão de pessoas no futuro próximo

Na Bunge, de agronegócio e alimentos, profissionais como a publicitária Stella Samogin, 29, são estimulados a fazer trabalho voluntário em instituições próximas da sede, em São Paulo. A organização permite as atividades durante o expediente.

"Sou voluntária há anos, antes de trabalhar aqui, e valorizo esse tipo de iniciativa por parte das empresas, porque vejo uma responsabilidade dos cidadãos na situação social do país", afirma.

Mas nem todas as empresas que aderem ao discurso fazem esse trabalho na prática. "Pode ser uma estratégia de marketing, já que passam essa mensagem, mas mostram-se mais preocupadas com os acionistas e tomam decisões prejudiciais", diz Dutra.

REDE COLABORATIVA

No "mundo laranja", onde o trabalho é desempenhado por pequenas redes de profissionais ou de microempresas, a meta é reduzir custos e aumentar a flexibilidade para escolher novos serviços.

Para Priscila Claro, doutora em administração e pesquisadora do Insper, "como a carreira tradicional perdeu valor, vemos essas formas novas de entrar no mercado".

O administrador Luís Gustavo Rosenburg, 38, dono de uma pequena empresa financeira, se juntou em uma rede com outros profissionais.

"Esse esquema permite que um indique o outro para potenciais clientes, como foi nosso caso, garantindo maior visibilidade no mercado."

O modelo, segundo Boudreau, da USC, pode pecar pela precarização do trabalho.

"Se há ênfase excessiva das empresas na redução de custos, é um problema. Mas o profissional ganha mais controle e pode explorar várias oportunidades ao mesmo tempo", afirma.

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