O chefe do futuro é alguém que, antes de tudo, tem inteligência emocional.
"É quem entende seus gatilhos emocionais e os de sua equipe e como suas ações impactam a produtividade e o clima entre os profissionais", afirma Caio Arnaes, da consultoria de RH Robert Half.
Isso não quer dizer que o conhecimento técnico tenha deixado de ser um pré-requisito, mas é cada vez mais difícil esperar que uma só pessoa detenha todo o conhecimento para o trabalho.
Por isso, segundo Arnaes, o líder do futuro é "mais o capitão do time do que o técnico. Ele deve estar no campo, dividindo a bola", afirma.
Marcio Kumruian, 43, diretor-executivo da Netshoes, procura não tomar decisões sozinho, mas em conjunto com a equipe.
Hoje um dos principais e-commerces da América Latina, a Netshoes foi fundada em 2000, quando Kumruian tinha apenas 25 anos.
Um de seus maiores desafios foi o rápido crescimento do negócio. "Vi a empresa sair de três para 2.500 funcionários. Quando surge um assunto que você não conhece, precisa estar envolvido com o trabalho da equipe e se cercar de pessoas de confiança que possam ajudar", afirma.
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NOVA GESTÃO
O engenheiro Luís Alt, sócio da consultoria Livework Brasil, explica que empatia, colaboração e experimentação são vitais para um gestor que precisa criar soluções inovadoras e com rapidez.
"Um bom líder quer colaborar, não apenas apontar o caminho. Se não criar espaço para que as pessoas experimentem, a empresa vai fazer sempre as mesmas coisas. Não é apenas dar as ferramentas para projetar soluções, mas também as condições para que o trabalho seja feito", afirma.
Essa abertura é também um dos fatores que a diretora da Maurício de Sousa Produções Mônica Sousa, 56, mais valoriza na liderança.
"Eu comecei como vendedora na lojinha da Mônica e via quando algo não estava funcionando bem no ponto de venda. Para ser líder a gente tem que acreditar em si mesmo, mas também ouvir gente de fora", diz.
Iniciativa própria é outra característica vital. "O líder tem que ser um autodidata", afirma o economista Marcio Kumruian, da Netshoes.
No entanto, esse excesso de atributos que atualmente se exige de um líder também pode ser uma armadilha. O administrador Fernando Cardoso, sócio da Integração Escola de Negócios, explica que a empresa às vezes quer características num líder que são incompatíveis entre si.
"A empresa quer um líder focado, mas muito extrovertido; muito resiliente, mas sensível; inovador, mas com visão prática; disciplinado, mas flexível. As pessoas querem o super-homem, mas isso não é possível."