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Chefes carrascos e colegas sem escrúpulos sempre rendem bons filmes e séries

Todo drama requer conflito. E algumas comédias também. Patrões carrascos, colegas inescrupulosos, vida pessoal que atrapalha a profissional. Enfim, o cardápio é grande. Problemas de relacionamento no escritório servem de combustível para bons filmes. E já faz tempo.

Há mais de meio século, Jerry Lewis criou um pesadelo corporativo em "Errado pra Cachorro" (1963), ainda hoje um retrato do sofrimento de funcionários novos.

No filme, seu personagem arruma emprego numa gigantesca loja de departamentos e se apaixona pela ascensorista do prédio. Esta, na verdade, é filha do milionário dono da loja, trabalhando sem revelar sua identidade.

Quando o empresário percebe o interesse do novato por sua filha, passa a escalá-lo nas piores tarefas. Quer forçá-lo a pedir demissão, para que demonstre não ser um homem de fibra. O riso é farto, mas fica difícil para qualquer um não enxergar nas agruras vividas por Lewis algum episódio real. É, adiante de seu tempo, um guia completo do bullying no escritório.

Em 1988, a disputa por destaque no trabalho se confundiu com as coisas do coração em "Uma Secretária de Futuro", comédia romântica na qual a secretária Tess assume o lugar da chefe que quebrou a perna, gerando confusão. O filme representa bem uma época de protagonismo dos yuppies, jovens profissionais urbanos que se preocupavam demais com a aparência.

Além disso, trazia no elenco astros quentes: a secretária é Melanie Griffith, então uma atriz cult; o papel da chefe é de Sigourney Weaver, que fazia sucesso nas franquias "Alien" e "Caça-Fantasmas"; e como interesse romântico está Harrison Ford, já a grande estrela de "Star Wars", "Blade Runner" e "Indiana Jones".

Humor e romantismo podem até suavizar a dura vida corporativa. Mas, quando se trata de mostrar a verdadeira disputa desumana que pode assolar um escritório, nada supera "O Sucesso a Qualquer Preço" (1992).

Um elenco estelar aparece nessa adaptação de uma peça consagrada do americano David Mamet sobre vendedores disputando prêmios de produtividade ou tentando não perder o emprego.

O texto é tão cruel que chega ao limite do desagradável. Uma obra tão densa fica mais acessível por causa dos grandes nomes na tela. É um verdadeiro "dream team": Al Pacino, Jack Lemmon, Kevin Spacey, Alec Baldwin, Alan Arkin e Ed Harris, entre outros.

Nestes tempos de muita discussão sobre o papel da mulher no mundo corporativo, é bom lembrar que boas personagens femininas já apareceram nessa praia. Dois filmes merecem uma conferida.

Um, bem conhecido, é "O Diabo Veste Prada" (2006), no qual a fofa Anne Hathaway sofre muito nas mãos da chefe bruxa Meryl Streep.

O outro, não tão famoso, é "Uma Manhã Gloriosa" (2010), com Rachel McAdams como uma produtora de TV às voltas com jornalistas veteranos, personagens de Diane Keaton e, de novo, Harrison Ford. Com humor e drama, analisa bem as relações entre gerações diferentes no trabalho.

Depois de tantas investidas do cinema nesse gênero, foi a TV que conseguiu o entretenimento mais bacana sobre a vida no escritório. Dos dois lados do Atlântico.

Entre 2001 e 2003, a série inglesa "The Office", comandada pelo ótimo ator Ricky Gervais, escolheu retratar o dia a dia de executivos com diálogos afiados, tramas realistas, mas inusitadas e uma câmera nervosa, buscando um formato quase claustrofóbico para o ambiente de pressão no escritório.

A versão americana do seriado, lançada em 2005, manteve o nível da atração e ainda catapultou a carreira de outro bom ator, Steve Carell. Teve nove temporadas de sucesso.

Atualmente, a série em produção que fascina por seu jogo de gato e rato entre executivos é "Billions", em terceira temporada.

O foco é a perseguição de um promotor público a um figurão amoral de Wall Street, mas é observando o ambiente da empresa deste último que se tem uma ideia do "pega para capar" corporativo.

E, entre casos médicos escabrosos e intrincados, a série "House" (2004-2012) fez um raio-X cínico nas manobras às vezes nada éticas de equipes de trabalho. Tudo acompanhado do charme de Hugh Laurie como o médico mais singular da história da TV.

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