Na hora de mudar de empresa, o chefe deve ser sempre o primeiro a saber, ao contrário do que fez o ex-técnico da seleção espanhola Julen Lopetegui, 51, demitido nesta quarta (13) depois de fechar com o Real Madrid sem avisar a federação de futebol do país.
"Uma boa relação de emprego é sempre baseada em confiança. Se o gestor fica sabendo por outras pessoas que seu profissional vai deixar a empresa, se sentirá traído e com razão", afirma José Augusto Minarelli, presidente da consultoria de recolocação profissional Lens & Minarelli.
A mudança só deve ser anunciada quando a nova empresa já confirmou a contratação, mas vale cuidado para não pedir para sair em um momento crítico, como o início da Copa para o time da Espanha. O técnico foi demitido dois dias antes da estreia do time no Mundial.
Vale esperar um pouco mais, diz Minarelli, e negociar com o novo empregador um prazo de alguns dias antes de comunicar a organização atual e conversar com o gestor em um momento um pouco menos conturbado.
Em geral, o profissional pode pedir um prazo de 15 a 30 dias antes de assumir o cargo para que a chefia anterior busque alternativas, segundo Winston Kim, gerente da consultoria de RH Randstad.
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O ex-técnico da Espanha Julen Lopetegui, demitido nesta quarta (13) após anunciar ida para o Real Madrid |
Só comunique a empresa quando a decisão estiver tomada, sem dar espaço para contrapropostas.
Para Minarelli, é comum que esse expediente seja usado para que a empresa procure um substituto e depois desligue o profissional, já queimado por tentar se demitir.
No caso de Lopetegui, o presidente da Real Federação Espanhola de futebol, Luis Rubiales, optou pela demissão depois do anúncio público de que o técnico, contratado pela Espanha até o fim da Eurocopa de 2020, havia assinado com o clube madrilenho.
"A negociação é legítima, mas a forma é importante. A federação não sabia de nada e temos de passar uma mensagem para todos os funcionários", afirmou Rubiales.