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inteligência artificial

Oportunidades aumentam para quem estuda ciência de dados

Para analisar um número cada vez maior de informações disponíveis sobre clientes e produtos, empresas demandam um novo tipo de profissional, que une habilidade em programação e estatística a visão analítica: o cientista de dados.

Trata-se de uma das carreiras com mais potencial de crescimento, em indústrias diferentes, segundo pesquisa do LinkedIn sobre o mercado de trabalho dos EUA. De 2012 a 2017, o número de vagas foi multiplicado por 6,5 -a segunda profissão que mais cresceu, atrás apenas do engenheiro de machine learning.

Cenário parecido com o do Brasil: de acordo com o guia salarial de 2018 da consultoria Robert Half, o cientista de dados é um dos profissionais com mais oportunidades na área de tecnologia. Os salários, que neste ano ficam entre R$ 12 mil e R$ 22 mil, cresceram 15,25% desde 2017.

O papel desse cientista envolve aquisição, processamento e análise de dados para ajudar as empresas em tomadas de decisão, diz Dirceu Matheus Junior, professor da Faculdade de Computação e Informática do Mackenzie.

Sabendo as preferências de seus clientes, um supermercado pode prever suas compras futuras e orientar suas ofertas.

A demanda por extrair conclusões de bancos de dados sempre existiu, mas décadas atrás havia menos informações e poder de computadores para tratá-las, diz Fabrício Barth, cientista da IBM.

Foi em 2012 que o termo "ciência de dados" começou a ser utilizado. "Até os anos 2000 eram projetos mais voltados ao ambiente acadêmico, não havia projetos de larga escala. Agora as empresas têm investido muito na formação de equipes", diz Barth.

Cientistas de dados podem ter formações diferentes. As maiores faculdades do país ainda não têm graduação na área, mas ESPM, Mackenzie e FIA têm pós.

"A gente trabalha com profissionais heterogêneos porque os negócios são amplos. Temos biólogos, administradores, engenheiros, profissionais de marketing", afirma Matheus Junior.

Na ESPM, há cursos focados em várias áreas, mas que desenvolvem três habilidades em comum: programação, estatística e visão de negócios. "Com esses conhecimentos agregados à capacidade de comunicação você consegue ser um cientista de dados", diz Claudio Pinheiro, coordenador dos programas de pós da ESPM e cientista de dados.

Há uma pequena diferença entre cursos de big data e de ciência de dados. Os primeiros dão mais ênfase a tecnologias para tratar dados e têm menos estatística e trabalho com algoritmos preditivos, foco dos cursos de ciências.

Essa parte técnica pode ser desenvolvida por conta própria por meio de cursos online ou até competições de programação pela internet, diz Renato Vicente, cientista de dados da Serasa Experian e professor de matemática na USP. Mas a profissão envolve mais que isso: é preciso saber fazer as perguntas certas para os dados disponíveis.

"O básico é ter formação científica. Você deve ter a postura de um cientista olhando para dados de experimentos de um fenômeno físico, mas com dados de negócios."

A palavra cientista diz muito sobre o trabalho: "É preciso criar uma hipótese, desenhar um experimento e rodá-lo para validar ou refutar", diz Carlos Souza, diretor-geral da escola virtual Udacity.

A procura pela formação nessa área cresceu a partir do meio de 2017, diz Souza. Hoje, é o segundo curso mais popular da escola de tecnologia, atrás de marketing digital.

Esse interesse segue a demanda, maior que a oferta. Para contratar um cientista, a Serasa Experian leva dois meses, por exemplo. A empresa testa os potenciais funcionários: dá um conjunto de dados e uma questão relacionada a negócios para ser resolvida em casa. Quem der boas respostas vai para a fase presencial.

"Há uma demanda grande, e o sistema educacional não consegue formar o número necessário de pessoas. Tem muitas vagas", diz Vicente.

O Gympass, empresa que vende planos de academias, também encontra essa dificuldade. Em 2017, tinha quatro cientistas de dados. Hoje, são oito e mais quatro devem ser contratados até o fim do ano, diz Renato Basso, responsável pela área de talentos.

Essa situação levou André Luiz da Costa, formado em economia, a mudar da área comercial para a de inteligência de negócios no Gympass depois de fazer um ano de cursos na Udacity. "É uma área nascente no Brasil, com muito potencial."

O departamento de matemática da USP tem discutido a criação de um curso de ciência de dados. Outros países têm cursos de graduação na área, aponta Vicente. "Aqui estamos um pouco lentos."

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