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inteligência artificial

Cirurgia robótica faz ginecologista buscar reciclagem e curso no exterior

Tem menos de dez anos que a ginecologista Isabela Barbosa, 36, se formou em medicina, mas desde então sua área já passou por grandes transformações.

Na residência, ela se especializou em operações por videolaparoscopia, menos invasivas que as convencionais. Pouco depois, surgiu a cirurgia robótica e ela se reciclou novamente, em um treinamento que envolveu simuladores e curso no exterior.

Hoje, Isabela maneja um robô no Hospital 9 de Julho e conduz, sem encostar no paciente, cirurgias complexas. "O equipamento tira o tremor natural que todo mundo tem nas mãos. E a câmera projeta a imagem em 3D, o que nos permite enxergar e preservar estruturas delicadas", explica.

Ela acrescenta que o robô não faz nada sozinho: "É a gente que faz tudo. Decidimos onde vai ser a punção, onde colocar as pinças, a câmera."

A ginecologista lembra que, quando fez faculdade, mal se falava em robótica. Hoje, os pacientes já chegam ao consultório informados sobre o tema. "Não tem volta. Para fazer uma medicina de ponta, você precisa entender o que é essa nova tecnologia e saber ao menos encaminhar para alguém que faça", afirma.

A medicina é um bom exemplo de profissão que vem sendo transformada pela tecnologia, mas não deve ser substituída por ela.

Segundo a consultoria McKinsey, apenas 5% das ocupações enfrentam risco de ser totalmente substituídas por máquinas -em 60% dos casos, a automatização será parcial.

A mesma pesquisa estima um crescimento global dos empregos relativos à saúde e ao envelhecimento de 50 milhões para 85 milhões em 2030.

"Carreiras ligadas a cuidados, às relações humanas e à criatividade são funções que a máquina não consegue replicar, ao menos por enquanto", define Rannison Silva, gerente de negócios da empresa de recrutamento Robert Half.

Não quer dizer que não seja preciso seguir as mudanças. Nutricionistas, por exemplo, podem ter que entender de genética no futuro para trabalhar com dietas personalizadas.

Cuidadores de idosos podem aprender a usar aplicativos que auxiliam no controle de medicação e de sinais clínicos. Professores já estão tendo que se adaptar ao ensino a distância, aprender a gravar videoaulas e a oferecer conteúdos sob demanda.

No direito, alguns profissionais também terão que se reinventar. "Hoje, nos contenciosos de massa, ou seja, quando há muitas causas com o mesmo pleito, os escritórios não precisam mais daquela quantidade de pessoas para replicar uma minuta padrão, já que a tecnologia faz isso. Os advogados precisam ter habilidades mais aprofundadas", diz Silva.

Contadores são outro exemplo parecido. Eles devem buscar um perfil mais analítico, já que lançamentos contábeis podem ser feitos de forma automática.

Quem trabalha na área de vendas passa a ter uma ferramenta importante para entender os hábitos dos clientes: o big data (grande quantidade de dados armazenados).

James Wright, diretor da Faculdade FIA e coordenador do Profuturo (Programa de Estudos do Futuro), esclarece que um vendedor não precisa saber programar. "Mas ele precisa saber de que maneira a análise de dados pode ajudar a identificar oportunidades de venda de seu produto", diz.

Wright recomenda que o profissional de qualquer área busque cursos de aperfeiçoamento a cada cinco anos.

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