Publicidade

'Líder não chora', dizem especialistas sobre o capitão Thiago Silva

Na última Copa do Mundo, quatro anos atrás, o capitão da seleção brasileira, Thiago Silva, recusou-se a bater um pênalti contra o Chile, nas oitavas de final, virou de costas para não assistir às cobranças e foi às lágrimas. Nesta sexta (22), Silva usará novamente a braçadeira contra a Costa Rica e, segundo especialistas em carreiras, para comandar melhor deve permanecer forte nos momentos de estresse.

Num time de futebol, o capitão deve ser o líder, tanto dentro quanto fora do campo. "Tem que trazer segurança, credibilidade, ter uma atitude positiva e, acima de tudo, ter tranquilidade para superar momentos de pressão e de crise", diz Claudinei Novaes, responsável pela central de carreiras da consultoria Thomas Case & Associados.

Anton Vaganov/Reuters
Thiago Silva, escolhido como capitão da seleção para o jogo contra a Costa Rica
Thiago Silva, escolhido como capitão da seleção para o jogo contra a Costa Rica

"Mais do que o treinador, o capitão tem condições de conduzir o jogo, porque está dentro de campo", afirma Roberto Picino, diretor-executivo da consultoria especializada em suporte à gestão Page Personnel, que cita Dunga como um exemplo de jogador com garra, que motivava o time.

Não é preciso ser um robô e esconder os sentimentos o tempo todo, mas deve-se saber quando mostrá-los. Em momentos de stress, como numa disputa de pênaltis ou num jogo decisivo, é preciso ser mais cerebral. "Numa situação de tensão tudo o que você quer é um líder racional, que te dê equilíbrio", afirma Josué Bressane, sócio-diretor da consultoria de RH Falconi Gente.

Nessas horas, o líder deve dar um exemplo de força. "Imagino que tenha tido um impacto no time, porque ele é o capitão. O gestor não pode largar tudo e ir embora, sair chorando ou coisa que o valha. O time fica olhando e pensa: 'O que fazer agora?'", diz Bressane.

Sem equilíbrio, uma equipe bem treinada pode desmontar completamente diante de um revés inesperado, como um gol do outro time. A responsabilidade de levar novamente os jogadores à rota prevista pelo treinador, então, é do capitão.

Para exercer a função, portanto, mais importante que habilidade técnica é ter inteligência emocional. "Demonstrar fraqueza num momento de adversidade transmite fraqueza para o grupo. O capitão precisa preservar a imagem do time", diz Novaes. E pedir para não bater pênalti? Pode isso, Arnaldo? "De preferência ele tem que ser o primeiro a bater! Tem que ser responsável pelos acertos e pelos erros. É como ter um barco afundando e o capitão ser o primeiro a pular. Ele tem que tomar a responsabilidade para si."

Erros acontecem e há dias em que o capitão pode estar abalado —mas, nesses casos, ele deveria avisar de que não está bem. "É uma situação delicada, mas talvez ele não devesse ser capitão naquele dia, porque é ele que vai dar o tom", afirma Picino. "Ele é a peça que não pode esmorecer."

Para Bressane, dada a performance de Thiago Silva na Copa passada ("não foi bom, vamos combinar"), é surpresa que o técnico, Tite, tenha lhe dado a braçadeira para o jogo contra a Costa Rica. Mas faz parte de seu plano de revezamento de capitães, que constrói uma liderança mais colaborativa e evita estrelas, diz.

E uma performance aquém do desejado no passado não necessariamente indica o comportamento futuro, pois liderança também pode ser desenvolvida e aprimorada com o tempo: o importante é querer melhorar. "É preciso receber o feedback, absorvê-lo e fazer um plano de ação. Você tem que estar aberto a ouvir as críticas e tentar absorver o máximo possível", diz Bressane.

É o que espera Tite. "Se nós pegássemos todo o mundo que foi criticado na última Copa, teríamos terra arrasada e não teríamos nem a base dessa seleção. A vida não é assim. Coloquei uma lista de vários atletas importantes que teriam a maturidade. O Thiago é um deles", afirmou o treinador nesta quinta-feira (21)

Publicidade
Publicidade
Publicidade