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guia das profissões

Cursos generalistas salvam estudantes com dificuldade de escolher a carreira

A demanda por profissionais capazes de atuar em diferentes áreas, a avalanche de novas profissões e a morte anunciada de atividades tradicionais fez surgir uma nova leva de cursos voltados para uma formação mais generalista, que ampliam as possibilidades de atuação em diferentes carreiras.

Ao lado das faculdades de administração, exemplo clássico de formação curinga, surgem opções como multimeios e um novo formato dos cursos de relações internacionais.

Muitas vezes, essas faculdades são um caminho para o estudante que ainda está em dúvida sobre qual carreira seguir. Para quem mal saiu da adolescência, o peso de definir o futuro profissional pode parecer insustentável. Psicólogos e orientadores vocacionais entrevistados, no entanto, afirmam que não existe uma idade apropriada para fazer escolhas.

Há 30 anos, a dificuldade era pensar que a opção feita aos 17 seria para o resto da vida. "Isso já não era verdade naquela época. Agora é menos ainda, com o mercado de trabalho em constante modificação", diz Silvio Bock, educador e diretor da empresa de orientação vocacional Nace.

Hoje, o que mais atrapalha é a quantidade de profissões possíveis, algo perto de 300. Em qualquer situação, quanto maior o número de opções, mais difícil a escolha.

"Ao ver a geração de seus pais com alta qualificação, mas fora do mercado, o jovem sofre a pressão de escolher uma profissão que supostamente tenha futuro", diz Silvio Bock, educador e diretor da empresa de orientação vocacional Nace.

Pensar na faculdade como uma primeira escolha, que vai abrir outro leque de opções, é uma forma realista de enfrentar essas incertezas, segundo a psicanalista Maria Stella Sampaio Leite, autora de "Orientação Profissional".

Certeza não dá para ter, mas dá para chegar em algo aproximado disso se o jovem refletir sobre seus gostos, habilidades e os motivos de escolher determinado curso. "Se o jovem entender que uma faculdade curinga é um primeiro passo para uma carreira que atenda suas prioridades pessoais, sociais ou econômicas, OK", diz Maria Stella.

O que não é tão OK, tanto para a psicanalista quanto para Bock, é a opção por uma faculdade ser uma não-escolha. Ingressar em um curso generalista para depois pensar na carreira só adia o problema.

"É preciso escolher grandes áreas e pensar nas carreiras possíveis, não no sentido definitivo, mas se comprometendo com a decisão naquele momento. Ninguém pensa profissão em abstrato", diz Bock.

Rafael Lacerda, 22, viveu o lado bom e o ruim da escolha por uma formação generalista. Sem muita certeza sobre qual profissão seguir, escolheu a faculdade ao ouvir um conselho de uma amiga: "Se você não sabe o que fazer, entra em multimeios".

Hoje sócio de uma startup de moda, Rafael foi conhecer o curso oferecido pela PUC-SP, gostou do ambiente da faculdade e da grade abrangente.

O ateliê de artes e as aulas de manipulação de imagem foram as primeiras atrações, mas ele também descobriu novas habilidades em disciplinas como a de roteiros.

A faculdade de comunicação e multimeios da PUC de São Paulo é pioneira na América Latina, segundo Ane Shyrlei de Araújo, coordenadora do programa, criado em 2000. Desde então, surgiram outros cursos com nomes como midialogia e proposta semelhante de oferecer uma formação ampla.

"O aluno começa o curso e no decorrer da formação pode descobrir onde quer ou consegue atuar", diz Ane Shyrlei.

Há algumas matérias básicas –ética e audiovisual estão nessa lista– e mais 15 disciplinas de livre escolha. O cardápio é extenso e inclui princípios de editoração, curadoria de arte, design de games e empreendedorismo digital.

A variedade ajudou Rafael a descobrir novas possibilidades de atuação profissional, mas hoje, cursando o terceiro ano, ele sente falta de um aprofundamento maior em áreas como desenho.

"No mercado de trabalho, é importante se aprofundar em algo. Quem sabe fazer tudo não faz nada", diz.

Rafael quer complementar a formação com uma especialização em moda e, eventualmente, fazer um curso de administração de empresas.

Para Rodrigo Cintra, coordenador da graduação em relações internacionais da ESPM, o segredo de uma boa formação generalista é dar ao profissional elementos para entender diferentes aspectos de um desafio profissional e estabelecer conexões entre eles.

O aspecto curinga da formação em relações internacionais é recente. A primeira leva de cursos era mais fechada na carreira diplomática e em cargos públicos. Com a globalização, o mercado para profissionais de RI aumentou e surgiram os cursos mais abrangentes, segundo Cintra.

A formação hoje fornece conhecimentos jurídicos, comerciais, culturais, sociopolíticos e de marketing. Também dá proficiência em pelo menos uma língua estrangeira.

A abrangência fez Thobias Marchesi, 25, mudar de trajetória por conta do curso. Ele começou a estudar RI porque planejava trabalhar como correspondente internacional em veículos de comunicação.

Mas hoje, no oitavo semestre de relações internacionais na ESPM, direcionou sua trajetória para administração e marketing. Atua como assistente de mercado externo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos.

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BACHAREL EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS

O que faz
Trabalha nas áreas de diplomacia, consultoria, marketing, vendas, comércio exterior, mediação de conflitos, divulgação, políticas públicas, análises conjunturais, avaliação de risco, produção cultural, ensino

Onde estudar
ESPM, FGV, Unesp, (SP), Universidade Candido Mendes (RJ), UFMG (MG) entre outras faculdades

Onde há vagas
Empresas privadas, órgãos públicos, organizações não-governamentais

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PROFISSIONAL DE MULTIMEIOS

O que faz
Pode atuar em produção audiovisual, curadoria de arte, editoração, rádio, TV, cinema, marketing digital, desenvolvimento de games, design gráfico, fotografia, artes visuais, produção musical, negócios digitais, análise de mídias sociais

Onde estudar
PUC-SP, Universidade Estadual de Maringá, Unicamp (onde o curso se chama midialogia)

Onde há vagas
Empresas de entretenimento, de comunicação e startups

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