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Novos consumidores priorizam acesso a bens em vez de posse, segundo estudo

Por que comprar algo quando é possível pagar apenas pelo seu uso? Aplicar essa lógica em nome de uma vida mais simples e flexível é uma das tendências de consumo apontadas pela consultoria Euromonitor para 2018.

O levantamento combinou a análise de 30 segmentos em cem países e entrevistas com 30 mil consumidores em 20 países, incluindo o Brasil. Outras nove tendências foram destacadas, como o co-living e a personalização de produtos e serviços de acordo com o código genético.

Chamados de "inquilinos" pela consultoria, esses novos consumidores priorizam o acesso em detrimento da propriedade, seja por meio de troca, compartilhamento, aluguel ou streaming.

"O status de hoje está muito mais ligado à experiência de consumo e à responsabilidade social do que à posse, o que beneficia a economia compartilhada", diz a pesquisadora Alison Angus, responsável pelo estudo.

Segundo ela, é mais importante para os "inquilinos" mostrar o quanto economizam dinheiro, evitam o desperdício e ajudam os outros. "Status é mais sobre olhar para o que fiz ou alcancei e menos para o que tenho. E isso se aplica globalmente para todas as gerações", afirma.

Essa tendência tem a ver não só com uma mudança de valores, mas também de estilo de vida, de acordo com o especialista em cultura de consumo Benjamin Rosenthal, professor da FGV (Fundação Getulio Vargas).

Eduardo Anizelli/Folhapress

"Quando você não acumula mais livros e CDs, coloca todo seu consumo na nuvem ou em aplicativos e paga pelo uso, você fica muito mais livre, seja por não ocupar espaço na sua residência ou por consumir onde quiser. Hoje, o estilo de vida é muito nômade, e, por isso, faz sentido ele estar ligado à eliminação da posse", afirma.

E o mercado, aliado à tecnologia, tem apresentado diferentes soluções para esse público, como plataformas para locação de roupas, ferramentas, artigos esportivos ou eletrodomésticos.

No Reino Unido, está disponível até o serviço de aluguel de cachorro. No aplicativo Borrow My Doggy (Empresto Meu Cão, em português), tutores pagam uma taxa anual de £ 44.99 (R$ 206,44) e quem aluga, de £ 12,99 (R$ 59,60).

No Brasil, também há opções para alugar de tudo um pouco, como o site Alooga, que conta com mais de 20 mil usuários em todas as regiões do país, com concentração maior na capital paulista.

De um lado, estão proprietários de objetos com pouco uso, como furadeiras e pranchas de surf. Do outro, quem precisa fazer o uso ocasional desses itens.

"Nos países desenvolvidos, a cabeça é outra e se dá maior importância à experiência do que à posse. No Brasil as coisas estão começando a acontecer, mas a materialidade e o consumismo ainda reinam", afirma Rafael Dias, presidente da Alooga.

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TROCA-TROCA

Plataformas que permitem o uso compartilhado de objetos

ALOOGA
Conecta donos de objetos ociosos a quem deseja usá-los por um período, como ferramentas, artigos esportivos, eletrônicos e roupas de festa. Pode ser acessado no site (alooga.com.br) e aplicativo gratuito para iOS e Android

RENT A BAG
O site faz locação de malas de viagem. Há opção de buscar a bagagem no escritório da empresa ou recebê-la em casa. Atua nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Santa Catarina e Piauí; rentabag.com.br

TEM AÇÚCAR?
É um aplicativo que facilita o empréstimo de objetos entre vizinhos. O usuário avisa o que está precisando, e o pedido é enviado a quem mora por perto. Gratuito e disponível para iOS e Android; temaçucar.com

DRESS & GO
O site é especializada no aluguel de vestidos de designers brasileiros e internacionais. As peças são entregues em domicílio e podem ser devolvidas por coleta, Correios ou no showroom da empresa; dressandgo.com.br

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