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Novos estilos de morar

Companhia e sustentabilidade motivam divisão de moradias

O hábito de compartilhar a casa têm deixado o âmbito das universidades e atraído pessoas de todas as faixas etárias em busca, claro, de cortar custos e dividir despesas, mas também de companhia e de um modo de vida urbana mais sustentável.

A advogada Patrícia Bachega, 38, morou dois anos sozinha e cansou. Então mudou-se para um apartamento de 180 m² na região da avenida Paulista, no centro de São Paulo, com três mulheres da mesma faixa etária.

"Daria para morar sozinha com o dinheiro do aluguel, mas não quero. É mais proveitoso e sustentável dividir a minha casa", diz Bachega, que conheceu as colegas em anúncios na internet.

"Há um movimento crescente entre pessoas com mais de 30 anos, em busca de maior convívio social", diz Beatriz Varella, fundadora do Moove In, site que conecta quem quer dividir um imóvel.

Há outros sites especializados, como o Easy Quarto, com cerca de 25 mil vagas disponíveis, e grupos de redes sociais, como o Dividir Apartamento SP, com mais de 60 mil membros.

Para a arquiteta Inês Fernandes, sócia do Acupuntura Urbana, morar com outras pessoas faz parte de uma transformação ampla da sociedade, que passou a dar mais importância às experiências de vida. "Existe uma grande diferença entre dividir e compartilhar e vejo que as pessoas estão buscando mais essa segunda opção."

Dados do IBGE apontam uma leve alta neste tipo de moradia no país: no Censo de 2010, 0,7% dos domicílios brasileiros eram compostos por duas ou mais pessoas sem parentesco, no Censo de 2000, eram 0,3%.

O empresário Winston Petty, 37, aluga uma casa de 576 m² no Pacaembu, na zona oeste de São Paulo, com a namorada, mais dois casais e cinco adultos solteiros cujas idades vão de 25 a 37 anos. Todos eles se conheceram por meio de amigos em comum.

"Unimos visões comuns, temos excelente qualidade de vida em um bairro super arborizado, sem ter de sair de São Paulo, e ainda usamos ao máximo o espaço da casa", afirma Petty.

A ocupação também é alta na casa de sete dormitórios do estudante de direito Guilherme Lichieri, 22, no Butantã, zona oeste de São Paulo.

Inicialmente ele pensou em encher o imóvel apenascom estudantes como ele, mas hoje vive com mais quatro pessoas de 25 a 30 anos. "Decidi que teríamos uma forma diferente de viver, nos conhecemos nas redes sociais e nos tornamos amigos."

"As pessoas mudaram seu estilo de vida e hoje desejam ser mais sustentáveis e questionam a necessidade de posse, o que também faz parte desse fenômeno", diz Neusa Souza, professora de economia compartilhada da ESPM.

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