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zona oeste

Casas antigas dão lugar a imóveis contemporâneos no Jardim Paulistano

Na rua Sampaio Vidal, no Jardim Paulistano, uma casa branca sem grade ou portão ostenta na fachada o ano de sua construção, 1923, e uma placa de "vende". Do outro lado da rua, muros altos bloqueiam a vista dos pedestres para um grande sobrado recém-construído.

Esse é o retrato atual do Jardim Paulistano, na zona oeste de São Paulo, que passa por transformações de público e de paisagem.

"O bairro está mudando de cara. Os moradores antigos, já velhinhos, estão vendendo as suas casas. Quem compra são jovens ricos", diz a consultora de moda e estilo Helena Montanarini, moradora da via há 12 anos.

Para Alexandre Villas, diretor-presidente da Lopes Imóvel A, imobiliária especializada em luxo com várias casas a venda na região, o local virou objeto de desejo de um tipo específico de comprador: entre 35 e 45 anos, no começo da vida de casado ou com filhos pequenos e carreira em ascensão.

"São pessoas com uma Land Rover na garagem, que se encontram na pracinha com seu golden retriever e duas crianças", diz.

Reinaldo Canato/Folhapress
Construção contemporânea na rua Sampaio Vidal
Construção contemporânea na rua Sampaio Vidal

Do outro lado do processo, segundo Villas, estão moradores mais velhos, para quem a casa ficou grande depois que os filhos se mudaram ou herdeiros que precisam se desfazer dos imóveis para a partilha de bens.

Com o novo perfil de morador, a arquitetura do bairro também se transforma. A consultora Montanarini, por exemplo, demoliu uma casa do anos 1970 para levantar no terreno um projeto contemporâneo assinado pelo arquiteto Marcio Kogan.

"Meu desejo era reformar e manter a arquitetura original. No entanto, uma vistoria constatou que não era possível, já que a casa estava tomada por cupins", diz ela.

A demolição permite ainda a esses novos moradores aproveitar melhor o terreno, segundo Villas. "Eles fazem uma garagem no subsolo e uma cobertura para sala de ginástica ou home theater."

A mudança é vista com bons olhos por especialistas e moradores, desde que algumas regras arquitetônicas e de boa vizinhança sejam respeitadas.

"A cidade é dinâmica. Não dá para preservar tudo. É preciso observar se o imóvel possui algum valor arquitetônico ou se é uma mera cópia", diz Abilio Guerra, arquiteto e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Para a professora de inglês Ester Loewenstein, moradora da região há 32 anos, o importante é que as novas casas não privem os vizinhos do sol, com construções muito altas, e mantenham as áreas verdes do terreno.
"Aqui existe um forte sentimento de pertencimento ao local. Isso é o mais importante de ser mantido", diz Loewenstein.

Assim como Montanarini, ela faz parte de um grupo no WhatsApp com 68 vizinhos, no qual trocam informações sobre o bairro. "Todo mundo se conhece. Os novos vizinhos são bem acolhidos", diz.

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