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Projetos tipo 'faça você mesmo' não são seguros se envolvem instalações pesadas

Instalar um ar-condicionado no quarto e montar uma biblioteca com muitas prateleiras são intervenções domésticas aparentemente simples e inofensivas. Realizá-las sem o acompanhamento de um profissional, no entanto, pode sobrecarregar a estrutura do imóvel.

Essa é só uma das consequências de projetos do tipo "faça você mesmo", executados pelas mãos dos próprios moradores. A sobrecarga pode ocorrer, por exemplo, quando uma banheira de hidromassagem é instalada no terraço ou vasos pesados são colocados na varanda.

"As pessoas acham que a estrutura é capaz de suportar tudo, mas ela é calculada para ter um uso específico e receber um peso determinado", afirma Rejane Berezovsky, diretora do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia de São Paulo.

Nessa situação, é preciso que um engenheiro ou arquiteto avalie se a laje vai suportar os novos itens. Caso contrário, a parede pode sofrer fissuras e rompimentos.

Até mesmo trocar um piso por outro de material mais pesado é arriscado. "Adiciona uma carga extra à estrutura da edificação. Reforma não é coisa para amador", afirma Francisco Cardoso, chefe do Departamento de Engenharia Civil da USP.

Pode fazer em casa

QUANTO MAIS, PIOR

Intervenções na parte elétrica de uma residência sem a orientação de um profissional também entram na lista de "não faça você mesmo". Isso inclui, por exemplo, aumentar o número de tomadas de uma casa e instalar eletrodomésticos que serão ligados ao mesmo tempo.

"As alterações podem gerar uma sobrecarga no sistema elétrico e levar a um princípio de incêndio", explica Flávio Figueiredo, engenheiro civil e diretor da Figueiredo&Associados Consultoria.

Berezovsky destaca que o risco é maior em prédios mais antigos. "Há 50 anos, não existia nem micro-ondas. Pode ser que o sistema elétrico do apartamento não suporte a demanda. É preciso medir a capacidade do imóvel", diz.

O mesmo cuidado se aplica a sistemas hidráulicos, afirma Tatiana Sakurai, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP: "Manutenção e reparos mal feitos podem causar vazamentos e infiltrações".

Mas nem tudo é proibido. Intervenções que não afetem a estrutura do imóvel -como pintar paredes e aplicar revestimentos simples- estão liberadas, desde que a pessoa tenha o mínimo de familiaridade com a atividade.

Não faça isso em casa

"Todos têm capacidade de fazer alguma coisa, acho que é neurose dizer que não dá para fazer nada sozinho", afirma a arquiteta Marcela Torrelio, criadora do Arquilego, site que faz projetos de decoração on-line.

A falta de habilidade, contudo, pode causar muita dor de cabeça. Foi o que aconteceu com a administradora Nelma Botelho, 52, que decidiu há oito meses instalar o boxe do seu banheiro sem contratar um profissional.

"Eu tirei as medidas erradas e o vidro ficou pequeno. Agora, a água vaza para fora. Passo um sufoco na hora de tomar banho", conta ela.

Neste fim de semana, um profissional vai até sua casa para resolver o problema. "Saí no prejuízo, isso não precisava ter ocorrido", afirma.

A copeira Suze de Sá, 48, também teve problemas por causa de uma intervenção malfeita. No início do ano, ela decidiu retirar a escada de ferro que ficava em sua sala para ganhar mais espaço, mas deu tudo errado. "Tapamos o buraco com cimento, mas afundou. Parece que vai cair", diz ela, que planeja fazer uma nova escada.

COMPRA CONSCIENTE

Comprar materiais de construção sem a ajuda profissional não é proibido, mas a pessoa pode errar na quantidade e escolher itens inadequados -comprar tinta não impermeável para usar na área externa, por exemplo.

Uma alternativa para quem deseja reformar sem gastar muito é contratar uma consultoria de arquitetura, que em geral sai mais barato do que fazer um projeto completo.

"Não mando a pessoa quebrar a casa sozinha, mas dou sugestões do que fazer, de quem contratar", diz Debora Racy, da Arquitetura Paralela, empresa que faz o serviço e cobra R$ 600 por uma hora e meia de conversa.

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