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Manutenção nas tubulações e cuidados com bricolagem evitam vazamentos

Se a pintura da parede estufa e há manchas no teto do imóvel, é hora de acender o alerta vermelho. Ambos são indícios de vazamentos, que podem causar desde danos nos revestimentos até doenças respiratórias.

O problema tem origem, na maioria das vezes, em áreas molhadas dos imóveis, como a cozinha e o banheiro, onde há tubulações hidráulicas.

De acordo com Mércia Bottura, engenheira civil da USP, as emendas que conectam os tubos são os principais pontos de vazamentos. "Elas podem não ter sido bem instaladas. Nesse caso, é preciso chamar mão de obra especializada para consertar", diz.

Intervenções e reformas mal planejadas também podem causar infiltração, segundo Bottura. Há o risco, por exemplo, de o morador atingir uma tubulação enquanto instala um espelho na parede.

Por isso, diz a engenheira, antes de se aventurar na bricolagem é fundamental ter a planta da unidade em mãos.

Antônio Giansante, professor de engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, cita ainda a movimentação natural das estruturas de uma construção como uma das causas de problemas no sistema hidráulico.

"Um lado da casa pode afundar mais do que o outro, aumentando a tensão nas tubulações", explica.

Além das instalações hidráulicas, as de esgoto também são capazes de dar dor de cabeça aos moradores. Esse tipo de vazamento costuma demorar mais para ser notado, porque o forro que fica embaixo do sistema sanitário é mais espesso do que o da parede, observa Bottura.

Avener Prado/Folhapress
A radialista Nanni Ellen Henrique, 26, em seu imóvel, no centro de São Paulo
A radialista Nanni Ellen Henrique, 26, em seu imóvel, no centro de São Paulo

No fim das contas, quem mais sofre é o vizinho de baixo, que ganha de "presente" teto e paredes mofados. Para evitar esses problemas, Giansante diz que é preciso realizar manutenções periódicas nas instalações. De preferência, a cada seis meses.

Se a prevenção não tiver sido feita, dificilmente será possível fugir do quebra-quebra para remediar a situação.

OUTRAS CAUSAS

Não basta que o encanamento esteja em ordem. É preciso ainda que o imóvel tenha sido bem impermeabilizado para evitar alagamentos decorrentes de chuvas.

A radialista Nanni Ellen Henrique, 26, teve problemas com isso. Há três anos, precisou sair de seu apartamento, no último andar de um prédio de 12 andares na região central de São Paulo, por causa de uma obra na área de lazer do condomínio, que fica em cima da unidade.

"Durante a reforma, retiraram a manta de impermeabilização que protegia a minha casa. Não dava mais para ficar lá, literalmente chovia dentro dela", conta.

Em assembleia, foi decidido que o condomínio pagaria R$ 2.500 mensais para Nanni arcar com as despesas de um aluguel em outro local.

O imóvel, por sua vez, ficou repleto de infiltrações. A mobília e os eletrodomésticos tiveram perda total.

As obras na área comum do edifício terminaram apenas em janeiro deste ano. Agora, Nanni espera que o condomínio cumpra a promessa de reformar sua casa.

Danilo Verpa/Folhapress
A fonoaudióloga Roberta Busch, 43, em seu apartamento, que sofre com infiltrações, na região central de São Paulo
A fonoaudióloga Roberta Busch, 43, em seu apartamento, que sofre com infiltrações, na região central de São Paulo

O problema da fonoaudióloga Roberta Busch, 43, foi mais embaixo. Em 2016, ela detectou manchas no teto e nas paredes do seu apartamento, no sétimo andar de um prédio no Bom Retiro (região central de São Paulo).

Na última semana, ela descobriu que o vazamento tem origem em um imóvel em reforma no nono andar do edifício. "O morador tirou a soleira entre a sala e a sacada, e a água da chuva ficou acumulada no lugar", diz.

Segundo a fonoaudióloga, a construtora deve arcar com os custos dos reparos. Isso porque a empresa já terá que resolver outros problemas nos revestimentos e rejuntes do apartamento.

A chuva também causa estragos ao entrar pelas janelas. Por isso, é importante que ela seja bem vedada, observa Luiz Sérgio Coelho, do Centro Universitário FEI.

CONSEQUÊNCIAS

O pneumologista José Delfini Cançado, professor da Santa Casa de São Paulo, destaca que ambientes com infiltrações podem ser insalubres. "O mofo leva à proliferação de fungos, que liberam toxinas e causam alergias respiratórias", explica.

Dessa forma, o ambiente úmido e mofado pode piorar o quadro de quem sofre de bronquite, rinite ou asma.

Segundo o médico, as casas devem ser bem ventiladas para evitar a proliferação desses microorganismos.

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CHUTE O BALDE
Saiba como detectar e consertar vazamentos:

OBSERVAÇÃO
Veja se a parede e o teto estão estufados ou apresentam manchas. Também é importante checar se não há água pingando embaixo da pia e do tanque.

DIAGNÓSTICO
É preciso investigar a causa do problema. Especialistas costumam usar uma espécie de estetoscópio para saber de onde está vindo o pinga-pinga. É possível ainda tirar um raio-x da parede.

TRATAMENTO
Para consertar a tubulação, é necessário quebrar a parede. Nos prédios mais antigos, o reparo pode dar mais trabalho -os canos costumam ser de ferro galvanizado, dificultando as emendas.

AGENTE EXTERNO
Se as infiltrações forem causadas pela água da chuva, significa que há algo errado com a impermeabilização da construção e talvez seja preciso refazê-la.

REMÉDIO
Nas casas, as infiltrações podem ser causadas ainda pelo excesso de umidade nas fundações. Nesse caso, é preciso chamar um especialista para impermeabilizar os pés das paredes do imóvel.

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