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itaim e vila olímpia

Eva Wilma milita pela preservação do 'quarteirão da cultura', no Itaim Bibi

A atriz Eva Wilma, 83, aponta as janelas do seu apartamento no Itaim Bibi. "Essa é a minha vista: prédios. Quando fizemos campanha para preservar o 'quarteirão da cultura', disseram que éramos um bando de grã-finos que não queria perder a vista de seus imóveis", diz.

O movimento conseguiu manter intacto o quarteirão da rua Cojuba, onde há uma biblioteca, um teatro, duas escolas públicas, uma creche, uma unidade de saúde, um centro de atenção psicossocial e uma unidade da Apae.
"A vista da sala eu já não tinha, mas ainda consigo ouvir as crianças da escola do meu quarto", comemora.

Keiny Andrade/Folhapress
 Sao Paulo - 15.03.2017 - CAPA MORAR - ITAIM BIBI - Retrato da atriz Eva Wilma, em seu apartamento no Itaim. FOTO: KEINY ANDRADE/FOLHAPRESS
A atriz Eva Wilma em seu apartamento no Itaim Bibi, vizinho ao 'quarteirão da cultura'

Desde a morte do marido, o ator Carlos Zara [1930-2002] ela mora sozinha, representando um dos perfis que caracterizam o bairro. Embora a população comece a cair após o pico na faixa dos 25-30, sobe no indicador "mulheres com mais de 80 anos".

Moradora há 36 anos de um prédio de oito andares na rua Cojuba, via de só uma quadra entre as ruas Lopes Neto (onde ficam torres de escritórios de investimentos) e Salvador Cardoso (endereço de um edifício com cobertura de 1.080 m²), a atriz se contrapõe aos clichês do bairro.

Longe de ser madame -está em cartaz em São Paulo com a peça "Quem Matou Baby Jane"-, tampouco se encaixa no perfil "jovem profissional bem remunerado do mercado financeiro ou da área de economia digital".

Segundo o IBGE, a maior fatia da população do bairro de escritórios do Twitter, Facebook e Google tem entre 25 e 29 anos. A renda familiar média dos moradores ultrapassa 20 salários mínimos.

O estereótipo de ponto de restaurantes e bares também não entra no "melhor do bairro" da atriz. "O melhor são esses equipamentos. Uma biblioteca significa muito para mim. Um teatro, mais ainda." A região sedia cinco teatros, incluindo o Décio de Almeida Prado, na rua Cojuba.

Foi para evitar a demolição dos equipamentos de cultura, educação e saúde em sua rua, que dariam lugar a um novo conjunto de espigões, que Eva Wilma se uniu, em 2011, aos movimentos de defesa do bairro.

Quando ela e seu marido se mudaram para o "quarteirão da cultura", o prédio onde ainda mora era o único da rua. O resto eram casas e árvores: "De abacate, manga, jaca, amora, jabuticaba", diz.

Para a atriz, uma vantagem do Itaim Bibi é ser residencial e ao mesmo tempo oferecer uma série de serviços.

"Tem o principal, padaria. A minha, Pães e Doces Beija Flor do Itaim [na r. Salvador Cardoso], está no mesmo lugar desde que me mudei."

Eva Wilma também tem o "seu" restaurante. Enquanto moradores de outros bairros enfrentam trânsito para conhecer o novo-restaurante-da-moda-do-Itaim, ela só precisa descer pelo elevador.

"Eu tenho o Anexo, dá para ver o telhado do restaurante da janela de casa. É uma casinha que restou, antigo escritório de um engenheiro, colega de meu marido."

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