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itaim e vila olímpia

História do Jockey Club de São Paulo se divide entre as zonas leste e oeste

Mais de dez quilômetros, em uma reta imaginária, separam a história do centenário Jockey Club de São Paulo.

Fundada em março de 1875 com o nome Clube de Corridas Paulistano, a entidade realizaria seu primeiro páreo um ano depois, em uma área da Mooca (zona leste da capital) "considerada boa, de terra firme e apta a sediar as corridas", segundo relato do livro "Memórias do Jockey Club de São Paulo", de Caetano B. Liberatore. Tratava-se do Hipódromo da Mooca.

O destaque da inauguração, com cinco corridas, foi o jóquei Rufino, vencedor de dois dos três páreos de que participou. Em um deles, guiou o cavalo Corisco, propriedade de D. Maria de A. e Castro, única mulher relacionada no programa do dia.

Em 1912, os cavalos abriram espaço para uma aeronave modelo Blériot de 50HP pilotada por Eduardo Pacheco Chaves (1887-1975). O aviador decolou do hipódromo com destino a Santos, no litoral paulista. Era o primeiro voo no país com um brasileiro no comando.

Se o solo conseguia aguentar cavalos e aviões, o hipódromo era considerado "precário". Assim, foi reformado na década de 1920 e ganhou nova arquibancada, com capacidade para 2.800 pessoas.

Acervo UH - 1º.mar.1961/Folhapress
 São Paulo, SP - Pista do Jockey Clube de São Paulo (Hipódromo de Cidade Jardim) (Foto: Acervo UH - 1º.mar.1961/Folhapress)
Hipódromo de Cidade Jardim, em foto de 1961

A popularidade do turfe, no entanto, tornou a ampliação obsoleta e, nos anos 1930, começou a discussão que levaria o Jockey à outra ponta da reta imaginária de dez quilômetros, dez anos depois.

Presidente do clube entre 1930 e 1934, Sílvio Alvares Penteado -irmão de Armando, conhecido pela fundação que leva seu nome, a Faap-, negociou com os governos estadual e municipal a possibilidade de transferir o hipódromo para o terreno que hoje abriga o Ginásio do Ibirapuera. As tratativas acabaram interrompidas pelas revoluções de 1930 e 1932.

Coube à gestão seguinte, de Fábio da Silva Prado, concretizar o plano, com a ajuda da Companhia Cidade Jardim, que doou um terreno de 600 mil metros quadrados no Jardim Everest, zona oeste da capital. Saía do papel o Hipódromo de Cidade Jardim, inaugurado em 1941.

"Durante a década de 1940, o clube pagou as dívidas da construção. O auge veio nos anos 1960, 1970 e 1980", diz Eduardo Ratto de Freitas Guimarães, 56, frequentador do hipódromo desde adolescente e diretor técnico da APFT (Associação Paulista de Fomento ao Turfe).

Hoje, o clube lida com dívidas que superam R$ 200 milhões, somando pendências tributárias e trabalhistas.

No período áureo, o hipódromo tinha corridas quatro vezes por semana (segunda e quinta à noite e sábado e domingo à tarde), contra duas hoje (sábado e domingo).

"O dia mais cheio era segunda, quando as corridas aconteciam entre 19h e 23h. O público ia de empresários e banqueiros a cidadãos comuns", afirma Guimarães.

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