Antes de se tornar o bairro dos condomínios fechados, o Morumbi já foi terra de jesuítas, plantação de chá e até vinhedo. A história dos últimos dois séculos do território passa por construções famosas do bairro, de diferentes estilos arquitetônicos.
A mais antiga é a Casa da Fazenda, erguida em 1813 pelo padre Diogo Feijó (1784-1843), primeiro regente do império, de 1835 a 1837. A moradia, feita em taipa de pilão, ficava dentro dos limites da Fazenda Morumby.
A propriedade, que se estendia da margem do rio Pinheiros até Santo Amaro, foi doada por dom João 6º ao inglês John Rudge, o primeiro a plantar chá preto no Brasil, conta Jussara Martins, curadora da Abach (Academia Brasileira de História e Arte).
O órgão é responsável pela conservação do imóvel, que é tombado. Hoje, funciona como espaço para eventos, na avenida Morumbi, mas oferece visitas gratuitas, com horário agendado (casadafazenda.com.br).
Perto dali, está a Capela do Morumbi, cujas ruínas também pertenciam à fazenda. Elas foram encontradas nos anos 1940 pela Companhia Imobiliária Morumby. Com paredes de taipa inacabadas, a construção foi interpretada como uma capela, mas a teoria nunca se confirmou.
Preocupada em atrair compradores e modernizar a região, a companhia contratou o escritório de Gregori Warchavchik, arquiteto russo radicado no país, para completar a edificação com alvenaria de tijolos, em 1949. Para reforçar o caráter religioso, a pintora Lúcia Suanê representou, em afresco, a cena do batismo de Cristo.
Apesar disso, o local nunca teve funcionamento religioso. Hoje, faz parte do Museu da Cidade de São Paulo.
JARDIM REFINADO
Ainda nos anos 1940, o engenheiro Oscar Americano (1908-1974), dono da Companhia Brasileira de Projetos e Obras (CBPO), teve a ideia de construir ali um bairro-jardim. A fazenda já havia sido dividida em vários sítios, quando ele pensou em criar lotes grandes para atrair um público mais refinado, diz a historiadora Silvia Cristina Siriani, professora da FMU.
O próprio engenheiro escolheu um lote para erguer uma casa, onde viveria com sua família por 20 anos. Hoje, o lugar é a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, com um acervo de pinturas e esculturas que é referência em história do Brasil.
Quem também chegou no início do bairro, em 1952, foi a arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi (1914-1992). No alto de uma colina, ela construiu a Casa de Vidro, a primeira residência do Morumbi, onde morou com o marido, Pietro Maria Bardi.
Marco da arquitetura moderna, a casa, que parece flutuar em cima dos pilares, tem em exposição obras de arte e objetos pessoais do casal.
Pouco tempo depois da chegada dos Bardi, começou a ser erguida, em 1955, a Universidade Fundação Conde Francisco Matarazzo, com projeto do arquiteto italiano Marcello Piacentini.
As obras foram interrompidas por dívidas da família Matarazzo e assumidas pelo Estado. Em 1964, a sede do governo paulista foi transferida para o edifício, nomeado de Palácio dos Bandeirantes. Lá, existe um percurso de visitação, com obras de artistas renomados como Tarsila do Amaral, Victor Brecheret e Lasar Segall.
TURISMO
Com tantos pontos históricos, o Morumbi atraiu o interesse de empresas turísticas. Duas agências, Carona Cultural e Turismo na História oferecem pacotes que incluem vários roteiros pelo bairro, além de transporte, almoço ou chá da tarde.
Os preços vão de R$ 280 a R$ 315. Mais informações: caronacultural.com.br e turismonahistoria.com.br
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HISTÓRIA VIVA
Como visitar os marcos da região
Capela do Morumbi
ENDEREÇO av. Morumbi, 5.387
TELEFONE 3772-4301
SITE museudacidade.sp.gov.br
VISITAS de terça a domingo, das 9h às 17h
QUANTO gratuito
Fundação Maria Luisa e Oscar Americano
ENDEREÇO av. Morumbi, 4.077
TELEFONE 3742-0077
SITE fundacaooscaramericano.org.br
VISITAS de terça a domingo, das 10h às 17h30
QUANTO R$ 10 (meia R$ 5)
Casa de Vidro
ENDEREÇO r. General Almério de Moura, 200
TELEFONE 3744-9902
SITE institutobardi.com.br
VISITAS de quinta a domingo, às 10h15, 11h45, 14h15 e 15h30
QUANTO R$ 20
Palácio dos Bandeirantes
ENDEREÇO av. Morumbi, 4.500, portão 2
TELEFONE 2193-8282
SITE acervo.sp.gov.br
VISITAS de terça-feira a domingo, das 10h às 16h
QUANTO gratuito