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Empresa fabrica madeira ecológica a partir de sacolas descartáveis e fraldas

Em vez das disputadas florestas de reflorestamento, Marta Borges busca matéria-prima para sua madeira ecológica onde o mundo da construção civil pouco transita: no lixo. Embalagens, sacolas plásticas, sacos de ráfia e até fralda descartável se transformam em portas, pisos, cobertura de decks e fachadas.

Borges dirige a empresa Ecoblock, integrante da Expo Arquitetura Sustentável. A feira, voltada a profissionais e lojistas, divide espaço com a Feicon, entre os dias 4 e 7, no São Paulo Expo.

Para criar a madeira ecológica, que tem aspecto rústico e sem brilho, a empresa desenvolveu e patenteou o maquinário. Tudo é processado por meio do calor, sem água nem resíduo. "Temos capacidade para retirar 500 toneladas/mês do ambiente, o que rende 500 toneladas de madeira", afirma Borges.

A reciclagem começa a ser levada a sério em várias frentes. Na hora de reutilizar recursos naturais, como água da chuva, o morador também pode fazer pequenas escolhas mais sustentáveis. O tipo da bomba de água instalada na cisterna, por exemplo, pode significar grande economia.

"Nós nos preocupamos em evitar o desperdício e garantir conforto sonoro. Além disso, toda a nossa cadeia de produção usa componentes não descartáveis, ou seja, qualquer bomba pode ser reparada", diz Diana Felix sobre as bombas silenciosas, reutilizáveis e com vazamento zero da Rowa.

Para Martin Schwark, professor e engenheiro da Kronan, fabricante de módulos de concreto transportáveis, ser sustentável na hora de construir é extrapolar a preocupação exclusiva com o preço da obra e pensar no seu ciclo de vida. "Se vou fazer uma interferência no ambiente que vai durar cem anos, tenho que pensar se ela vai cumprir o papel de tornar o mundo melhor", diz.

Segundo ele, o custo da obra em si é de 15% do total de gastos. "O restante é o custo operacional, de manutenção da obra ao longo do tempo", adiciona sobre o conceito de ciclo de vida. É por isso que a escolha de itens voltados para eficiência energética, entre outros, conta tanto.

Para espaços já construídos também há adaptações sustentáveis. Uma película de controle solar em fachadas de vidro, por exemplo, pode reduzir em 20% o custo com ar-condicionado.

"Ainda que seja um produto fantástico, com custo acessível, muitos engenheiros e arquitetos não têm conhecimento do material. Ainda há uma lacuna muito grande nesse quesito", afirma Túlio Souza, fabricante da película da Ambiente Revest.

Vanderley Moacyr John, do departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica da USP, também vê falhas na aplicação de soluções de menor impacto ambiental. Além da madeira ecológica, a lista inclui cimento, tintas e bacia sanitária de baixo consumo de água, entre outros. "Faltam engenheiros e arquitetos que explorem o limite do que está no mercado. Também falta mão de obra para aplicar esses conceitos", diz John.

Sustentabilidade não tem nada a ver com sofisticação, opina o pesquisador. "Só vamos sobreviver se sustentabilidade for algo de todos os negócios, normais, medianos, de pequenas obras."

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Expo Arquitetura Sustentável
ONDE São Paulo Expo (rod. dos Imigrantes, km 1,5, s/nº)
QUANDO 4/4 a 7/4, das 11h às 20h
QUANTO grátis com credenciamento no siteexpoarquiteturasustentavel.com.br; R$ 55 no local do evento; proibida a entrada de menores de 16 anos

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