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paulista/centro

Tradicional eixo da moda, Oscar Freire sofre debandada de marcas de luxo

O quadrilátero de luxo dos Jardins, que inclui a rua Oscar Freire e vias paralelas, já não faz mais jus ao nome. Lojas de grife trocaram o ar livre por shoppings, dando lugar a outras menos "ostentação."

A debandada de marcas internacionais do tradicional eixo da moda foi motivada, em grande parte, pela construção de novos shoppings na capital nos últimos anos, como o JK Iguatemi e o Cidade Jardim (na zona oeste).

"A segurança, a grande oferta de vagas para veículos e valores mais baixos de aluguéis foram os principais atrativos que levaram à mudança", diz Silvio Passarelli, diretor da faculdade de administração da Faap.

O aluguel de uma loja de 200 m² nos Jardins custa entre R$ 20 mil e R$ 30 mil, segundo a associação de lojistas do bairro.

Isso não significa, contudo, que o comércio de rua do quadrilátero esteja com os dias contados. "Embora não tenha mais marcas tão fulgurantes como antes, conta ainda com lojas bonitas e bons restaurantes e cafés", observa Passarelli.

O espaço deixado pelas grifes de luxo como Dior e Louis Vitton, foi preenchido por lojas mais acessíveis, como a Riachuelo, a Havaianas e a Forever 21. Mas em versões mais "gourmetizadas."

"Apesar de não serem luxuosas, elas aumentam os preços de seus produtos para se adaptar à região em que estão instaladas", explica Silvio Laban, coordenador de marketing do Insper, acrescentando que, apesar disso, a chegada dessas novas marcas promove uma democratização do consumo.

Outra mudança ocorrida no entorno da Oscar Freire foi a chegada de novas galerias de arte. Segundo Rosangela Lyra, presidente da Associação dos Lojistas dos Jardins, o número praticamente dobrou nos últimos quatro anos –foi de 15 para cerca de 30.

"As pessoas dão menos valor a grifes internacionais do que antes, preferindo adquirir obras de arte. Houve uma mudança de costumes e valores", afirma.

FUTURO

Como manter a atratividade do símbolo da moda paulistano diante de mudanças culturais e sociais?

Maurício Morgado, coordenador do Centro de Excelência em Varejo da FGV, defende que as lojas invistam em "experiências de compra".

Ele cita como exemplo de inovação lojas nos EUA que promovem atividades sensoriais para o cliente entrar em contato com a marca, desde a degustação de um prato até experiências em 3D. "A região precisa de uma identidade mais forte", diz ele.

Organizar eventos e atrações nas ruas, dando vitalidade a esses espaços, também é uma boa opção, segundo Laban, do Insper. "Diante da possibilidade de comprar roupas pela internet, é preciso dar um motivo para as pessoas saírem de casa", afirma.

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