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Centro volta a crescer e a atrair quem busca transporte fácil e diversidade

A Bela Vista, na região central, é o bairro com a maior densidade demográfica de São Paulo -são mais de 27 mil habitantes por quilômetro quadrado. Ainda assim, é a área do centro que mais recebeu mais prédios novos nos últimos três anos: foram quase 2.000 apartamentos.

República e Santa Cecília, que compõem o núcleo da cidade com Bela Vista e outros cinco bairros, também têm densidades superiores a 20 mil habitantes por quilômetro quadrado -índice que cai para cerca de 4.000/km² no Morumbi e no Butantã.

A partir de 2000, o centro reverteu a tendência de perder moradores, iniciada da metade para o fim século 20, e voltou a crescer, segundo dados do Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados).

Entre 2000 e 2016, a população da região cresceu cerca de 20%, enquanto a média de aumento para toda a cidade ficou em torno de 11%.

"O centro foi redescoberto", diz Eduardo Surian Brettas, superintendente de projetos estratégicos e paisagem da São Paulo Urbanismo, empresa ligada à prefeitura.

Entre os motivos, diz Brettas, estão a infraestrutura completa e a boa cobertura do transporte público.

"O aumento do preço em outros bairros e o esforço para requalificar pontos importantes da área central também contribuíram para atrair moradores", afirma ele.

O transporte foi uma das razões que levaram o cabeleireiro Clayton Silvério, 38, a trocar a Lapa, na zona oeste, pela Bela Vista, há dois anos.

Ele vendeu o carro e diminuiu pela metade o tempo para chegar ao trabalho, em Pinheiros, usando o ônibus.

A outra razão, conta ele, é o acolhimento que sente na região. "Aqui, ninguém estranha o diferente", diz.

TODAS AS BOLHAS

Isso acontece, em parte, porque a diversidade que construiu São Paulo está ainda estampada nas ruas e na população dessa região, segundo Marco Antonio Ramos de Almeida, vice-presidente da Associação Viva o Centro.

"É a parte mais diversa da cidade. É multifuncional, com comércio, serviços, indústria e lazer, onde vivem pessoas de diferentes rendas, culturas e origens", diz.

As festas e os eventos culturais que surgiram nessa região nos últimos anos, ainda que pontuais, permitem que a população, local ou de outras partes da cidade, reaprenda a viver no espaço urbano, afirma o arquiteto André Scarpa, que trabalha no escritório Nitsche.

"As pessoas estão apostando na vida cultural e no retorno ao centro", afirma ele.

Para o arquiteto Fernando Falcon, 39, que mora na região há 12 anos com seu namorado, o artista visual Lucas Simões, 36, a retomada do espaço público pelas pessoas e o aumento no número de moradores são fatores que tornam melhor a vida no lugar.

"Aqui existe um contato real com a diversidade", afirma Falcon, que hoje mora num apartamento na Bela Vista. "Se cada um vive em uma bolha, pelo menos aqui todas as bolhas se misturam."

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