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Viola e jantar caipiras animam noites de terça na Vila Matilde

Durante anos, a cantora Heyde Torneze, 75, teve um sonho recorrente em que via a entrada de uma casa com muro branco, à sombra de uma árvore. Não era nenhum lugar da infância, da vida adulta ou da vizinhança.

Um dia, seu filho, o maestro Rui Torneze, 54, convidou-a para conhecer o lugar onde ele planejava instalar a sede da Orquestra Paulistana de Viola Caipira, no número 606 da rua Jorge Augusto, na Vila Matilde. Era, literalmente, a casa do seu sonho.

Neste ano, a orquestra completa 20 anos com mais de 50 integrantes. Todas as terças, das 19h30 às 21h30, os violeiros se encontram para ensaiar -e comer muito bem.

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Depois do ensaio é servido um farto jantar caipira preparado no fogão a lenha pela mãe do maestro, que fica entre as panelas e o microfone.

Os ensaios são abertos ao público. Quem quiser ficar para o jantar paga uma contribuição de R$ 15.

A sede mais parece uma chácara diminuta, com limoeiro, amoreira e objetos que remetem ao universo caipira.

Nascido na Penha, o maestro da orquestra aprendeu a tocar violão na missa. Como tinha muitos parentes no interior, acabou conhecendo a viola caipira. O instrumento, que se originou das violas portuguesas, tem dez cordas dispostas em cinco pares e diversos tipos de afinação.

Hoje a orquestra tem dois DVDs e cinco CDs gravados (que podem ser comprados no site www.orquestradeviola.com.br) e já fez shows por todo o Brasil e em Portugal.

O integrante mais novo é Rodrigo Pavan, 14, que aprendeu a tocar viola aos dez anos. "Andava muito de cavalo com meu pai, ia pra romaria em Aparecida", diz o jovem que toca há três anos na orquestra.

Todas as músicas são arranjadas pelo maestro e têm partituras com várias linhas melódicas. Além dos temas caipiras tradicionais, como "Chora Viola" (Tião Carreiro e Pardinho), o grupo também toca pop, jazz, fado e até uma versão da ária barroca "Ave Maria", de Giulio Caccini.

"Tocamos música boa na viola", resume o maestro.

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