O grupo animado e falante de cerca de 20 idosos que joga dominó e damas contrasta com os jovens silenciosos e vidrados na telas de seus celulares. Eles ocupam as mesas e os bancos da praça Dr. Sampaio Vidal, na Vila Formosa, zona leste.
"Tem muita gente que frequenta a praça para usar a internet porque é rápida. Mas os velhinhos do dominó vêm mesmo para socializar", diz o professor universitário Brian Caruso, 40. Ele credita grande parte dos mais de dez mil frequentadores mensais do espaço ao wi-fi livre concedido pela prefeitura.
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| O professor universitário Brian Caruso, 40, na praça Dr. Sampaio Vidal, na Vila Formosa |
Caruso está escrevendo um livro e costuma ir ao local quase diariamente pela "tranquilidade que falta em casa".
A praça é uma das muitas que fazem parte da Vila Formosa, um dos bairros mais arborizados da região. A prefeitura regional de Aricanduva, que engloba o bairro e sua vizinhança, tem 236 praças.
Duas áreas em especial potencializam o lado verde do bairro: o Centro Esportivo e Educativo do Trabalhador, Ceret, um espaço com 286 metros quadrados e 90% da área verde que perpassa vários bairros da zona leste, e o Cemitério Vila Formosa, que tem árvores como pau-ferro, eucalipto, quaresmeira, jacarandás e ipê.
ABANDONO
"Os moradores vencem o medo e vão correr no cemitério", diz Silvia Inez Machado, presidente da Sociedade Amigos de Vila Formosa.
Muitos moradores reclamam do abandono que pode ser observado em algumas das praças locais.
O supervisor de cobrança Rodrigo Gomes, 34, que estava com o filho nos brinquedos do espaço, diz que as áreas são seguras, mas a conservação poderia ser melhor.
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| Rodrigo Gomes, 34, brinca com seu filho Miguel, 3, na praça Dr. Sampaio Vidal, na Vila Formosa |
"O mato quase sempre está grande, e os brinquedos e aparelhos de ginástica de alguns lugares estão meio velhos. O bom é que temos a polícia logo ali", diz, apontando para o posto policial na praça Sampaio Vidal.
Segundo Luiz Carlos Frigerio, prefeito regional de Aricanduva, está em elaboração um novo contrato para manutenção dos aparelhos das academias de terceira idade existentes nas praças. Há ainda planos de expandir o programa de wi-fi livre de 120 para 360 pontos.
Alguns problemas das áreas são resolvidos pelos próprios moradores. Não é incomum que eles plantem árvores frutíferas nas praças e nos canteiros. "Já fizemos muitos mutirões para isso", diz Silvia Machado.
Para o caminhoneiro Francisco de Faria, 75, que vive no bairro há 63 anos e conhece a área desde antes da inauguração das praças, o melhor da vizinhança é a calma.
"Há muito tempo isso aqui era uma plantação de milho.Vi todas as árvores daqui crescerem. Eu venho para ficar tranquilo e ler o jornal, mas é bom ver como as pessoas aproveitam o verde."