Casarões com inspiração europeia protegidos por muitas paredes com pequenas janelas estão ficando no passado de Alphaville.
Os novos moradores das casas de alto padrão do bairro têm optado por projetos mais contemporâneos. Predominam agora as fachadas com grandes aberturas, que permitem a maior entrada de luz, valorizam a vista para a natureza e integram as áreas internas e externas.
Conhecido internacionalmente por seus projetos de formas limpas e harmoniosas, o premiado arquiteto paulista Arthur Casas, 55, só havia feito uma residência na região até então, uma casa de 473 metros quadrados.
"Alphaville tem poucos exemplos de arquitetura moderna. As casas são um pouco parecidas, meio neoclássicas. É agora que está mudando", diz ele, que fechou outros dois projetos na região, com cerca de 1.000 metros quadrados cada um.
"O público fica mais jovem, e a arquitetura vai mudando com isso", explica a arquiteta carioca Ana Carolina Rogoginsky, 40, sócia de um escritório focado no bairro de Alphaville.
Os moradores que estão, aos poucos, mudando a fachada da região são casais nas faixas de 30 e 40 anos, que foram trabalhar na região ou fazem parte da "segunda geração" de Alphaville. Gente que cresceu na área e resolveu continuar por lá depois do casamento.
"Eles estão interessados em design, querem fazer parte do seu tempo", diz Fernanda Marques, responsável por transformar o projeto de uma casa em estilo normando, com telhado inclinado e tudo, em um retângulo vazado, com ambientes integrados.
A fachada do imóvel de 1.200 metros quadrados quase sem paredes revela uma sala com pé direito duplo, que termina praticamente onde começa a piscina.
Os vidros no lugar das paredes também servem para levar a natureza para dentro de casa e valorizar a vista.
"O modo de vida de Alphaville é diferente do estilo de São Paulo. A gente faz projetos que não têm muros, que conversam mais com o exterior", afirma Marques.
SALÃO SOCIAL
O estilo de vida da nova geração está também na disposição dos ambientes. Longe da badalação de São Paulo, moradores de Alphaville privilegiam áreas amplas em que possam receber amigos.
"É a casa de semana e de fim de semana. Isso muda completamente o projeto. O jardim é um lugar de uso, não é apenas contemplativo", explica Arthur Casas.
Na área externa, a maioria das novas construções conta com piscinas, áreas gourmet, churrasqueiras e jardins. Tudo é integrado ao ambiente interno por meio de grandes vãos sem paredes ou colunas. A única divisão fica por conta dos generosos painéis de vidro, que podem ser abertos ou fechados, dependendo da temperatura ambiente.
"A gente prepara a casa para receber também no frio. Trazemos a área gourmet para dentro, mas com muita transparência para estar integrada ao verde", afirma a arquiteta Rogoginsky.
No subsolo de uma casa de 1.700 metros quadrados, a arquiteta Adriana Helú montou, também pensando em visitas, uma sala com sinuca, lareira, geladeira e adega. "Tem um sofazão e uma TV para os homens verem jogos. É uma parte de interação."