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santana/casa verde

Comunidade alemã do Tremembé mantém atividades em igreja

Elas se reúnem todas as quintas-feiras para fazer artesanato e conversar em alemão, observadas pelo busto em gesso de Goethe (1749-1832). São as remanescentes da colônia alemã do Tremembé, zona norte de São Paulo.

O "bastelkreis" (círculo de artesanato), na paróquia Cantareira da Igreja Evangélica de Confissão Luterana, é uma das atividades da comunidade, que já teve mais de mil pessoas, segundo o pastor Ernani Röpke, 47. "Hoje, há no máximo 400 descendentes de alemães na região", diz.

Os alemães chegaram à zona norte principalmente no período entre guerras (1918-1939). Já havia comunidades estabelecidas em bairros da zona sul da cidade, até hoje as mais populosas. Mas a área cercada de verde e montanhas, que lembrava a topografia de cidades da Europa Central, atraiu imigrantes para o "além Tietê", principalmente Santana e Tremembé.

"As casas dos colonos alemães eram quase chácaras. Hoje, muitas se transformaram em condomínios horizontais", diz o pastor, descendente de alemães por parte de pai (a mãe é austríaca).

Um domingo por mês ele realiza culto em alemão na paróquia, que também promove uma festa anual com música e danças típicas. A festa é realizada perto da data em que se comemora a imigração no Brasil, 25 de julho. Neste ano, as comemorações na paróquia do Tremembé serão no próximo dia 30.

Além dos encontros semanais de artesanato, há palestras sobre temas da atualidade e exibição de filmes em alemão uma vez por mês. Os encontros são abertos a todos os interessados.

A língua e o culto são as formas de a comunidade preservar suas raízes. Além das casas, outros sinais da colonização estão desaparecendo. É o caso da Sociedade Recreativa Bragança, na avenida Coronel Sezefredo Fagundes, que fechou as portas no início deste ano, e do restaurante Recreio Holandês, atração gastronômica do Tremembé de 1930 a 1983.

"Apesar do nome, era um restaurante típico alemão", lembra Erika Bender, 66, secretária executiva aposentada. Ela faz parte da terceira geração de origem germânica do bairro. Os avós vieram da Alemanha, mas só se conheceram na zona norte.

"Todos moravam entre Santana e Tremembé", conta ela, que continua vivendo no bairro, longe dos dois filhos e dos dois netos, que moram na Alemanha.

A nova geração está saindo da região. Muitos vão para a zona sul de São Paulo, onde estão várias empresas alemãs, segundo Röpke.

"Há 30 anos, havia vários grupos de jovens fazendo música e teatro em alemão, não sobrou muita coisa", afirma a enfermeira aposentada Astrid Budweg, 76.

Nascida em Berlim, Astrid e sua família passaram por várias cidades da Alemanha no pós-guerra até se estabelecerem no Brasil, em 1949. "Chegamos com as roupas do corpo e as dívidas da viagem", conta. Os três filhos de Astrid nasceram na zona norte, mas, ao contrário da mãe, que nunca saiu do bairro, foram para a Alemanha.

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