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como escolher um imóvel

Bairro é mais importante que preço de imóveis para 47% dos paulistanos

A enfermeira Roberta Cavalin, 26, vive uma epopeia todos os dias para chegar ao Hospital Emilio Ribas, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), onde trabalha. Moradora do Capão Redondo (zona sul), ela sai de casa às 5h20 e, depois de pegar ônibus, trem e três linhas do metrô (lilás, amarela e verde), chega a seu destino por volta das 7h. Muitas vezes a volta para casa é ainda mais demorada.

Cavalin cansou dessa rotina e decidiu deixar a casa confortável que divide com a avó. Vai comprar um apartamento nas proximidades do hospital. Nas horas de folga, perambula pelas ruas de Pinheiros e bairros próximos em busca de uma boa oferta.

"Minha vida está quase toda em Pinheiros. Com a mudança, ganharei sossego e tempo para me dedicar mais ao meu mestrado em saúde pública", afirma.

Patricia Stavis/Folhapress
Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
A desenvolvedora de sistemas Anni Priscilla dos Santos, na rua Normandia, em Moema

Assim como Cavalin, boa parte (47%) dos paulistanos das classes A, B ou C considera a localização o fator mais importante na hora de comprar ou alugar um imóvel na cidade. O levantamento foi realizado pelo Instituto Datafolha entre os dias 10 e 12 de agosto e ouviu 493 moradores da cidade.

Depois da localização, os entrevistados mencionam, de forma espontânea, a segurança (14%), o valor/preço (8%) o tamanho (3%), o barulho/sossego (3%), o acesso ao comércio (3%), o acesso ao transporte público (2%) e a conservação do imóvel (2%).

"As pessoas querem, cada vez mais, qualidade de vida, por isso preferem morar, sempre que possível, perto do trabalho, da escola de seus filhos, do lazer, de seus amigos", afirma Mirella Parpinelle, diretora da Lopes Consultoria de Imóveis.

Em busca de menos estresse e mais comodidade, aceitam muitas vezes um imóvel com metragem menor.

O que você considera mais importante na hora de comprar ou alugar um imóvel? - Respostas espontâneas e únicas, em %

É claro que nem todos podem morar no lugar desejado. "Quando a pessoa não consegue viver no bairro de seus sonhos, tenta pelo menos ficar o mais próximo possível dele", afirma Peixoto Accyoli, CEO da rede de imobiliárias Remax/Brasil. "O importante, para elas, é que o novo endereço represente uma melhoria na qualidade de suas vidas", diz Accyoli.

Essa foi a principal preocupação da desenvolvedora de sistemas Anni Priscilla dos Santos, 37, funcionária do banco de investimentos BTG Pactual, quando se mudou para São Paulo depois de formada em Lins (SP).

Keiny Andrade/Folhapress
Ossada suspeita de ser de João Leonardo da Silva Rocha, morto na ditadura militar, é exumada em Palmas do Monte Alto (BA)
A enfermeira Roberta Cavalin, 26, em frente ao estande de vendas do VN Capote Valente, em Pinheiros

Nascida em Guaiçara (SP), alugou um apartamento na rua Pamplona, nos Jardins, mas assim que se instalou começou a procurar um lugar que fosse um pouco mais tranquilo e que lembrasse as cidades onde viveu.

"Andei muito por bairros como o Paraíso, a Vila Mariana, a Vila Olímpia. Até que conheci Moema e decidi que era onde gostaria de viver", diz. O que mais pesou na hora da escolha foi o fato de a região ser arborizada, ter muitas opções de comércio e, principalmente, estar próxima de seu local de trabalho, na avenida Faria Lima.

"O trajeto do ônibus é muito curto. É impossível ter qualidade de vida dentro do trânsito", afirma.

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SONHO DE CONSUMO É PERDER MENOS TEMPO NO TRÂNSITO

O morador de São Paulo busca cada vez mais uma vida sem trânsito e com segurança. Por conta disso, os imóveis no centro expandido da capital paulista tiveram nos últimos anos uma valorização superior aos localizados nos bairros afastados.

"As pessoas não estão mais dispostas a ficar duas horas no trânsito para chegar ao trabalho. Tampouco querem viver em áreas vistas como violentas", afirma o engenheiro Reinaldo Fincatti, diretor da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio).

Trânsito e violência são características associadas hoje fortemente a bairros como o Morumbi, na zona sul. Enquanto o metro quadrado nos Jardins varia de R$ 16 mil a R$ 20 mil, no Morumbi fica entre R$ 5.000 e R$ 7.000, segundo a Embraesp.

Esses dois fatores levaram o urologista Rafael Sakata, 33, a comprar um imóvel na Vila Olímpia. "Queria morar em um bairro que fosse perto de hospitais e, ao mesmo tempo, em uma região segura", diz o médico.

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