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Mudanças nos apartamentos vão além do tamanho para acomodar modas

Já foi chique ter bidê, sauna e quarto de empregada. Hoje, uma boa varanda e um espaço para passear com seu bicho de estimação podem ser um fator decisivo na hora de escolher onde morar. Dos anos 1970 para cá, muita coisa mudou nas plantas dos apartamentos da cidade de São Paulo além do tamanho.

Luiz Antônio de Souza, 36, que trabalha na área de TI (tecnologia da informação) e é síndico de um condomínio no Butantã (zona oeste da cidade), diz que a varanda é um diferencial no imóvel. "Aos sábados e domingos é um lugar para reunir a família. Nos dias de semana, os moradores usam para colocar o varal móvel, já que na área de serviço, colada na cozinha, cabem somente uma máquina de lavar e o tanque", conta.

Outro atrativo dos condomínios atuais é a área de lazer, que cresceu enquanto os espaços internos dos apartamentos diminuíram.

No condomínio de Souza, ele destaca a nova área para passear com bichos de estimação. O chamado "espaço pet" foi desenvolvido recentemente por uma necessidade dos próprios moradores que preferem passar mais tempo dentro do condomínio.

Luis Dávila/Vila Imagem
Vista de Pinheiros e de parte do Butantã, a partir da avenida Vital Brasil
Vista de Pinheiros e de parte do Butantã, a partir da avenida Vital Brasil

"Os hábitos estão mudando, a família está ficando menor. Quando eu entrei na FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo), nos anos 1960, a gente recebia informações, para uso no planejamento urbano, de que a família tinha de 4,6 a 4,8 membros", diz Paulo Bruna, 76, professor titular da FAU-USP. Segundo o Censo 2010, a média na cidade de São Paulo caiu para 3,14 habitantes por domicílio.

Para o arquiteto, a crise atual obriga a população e os empresários a repensar a habitação. "Uma das saídas para o déficit de moradia popular está nos antigos prédios do centro expandido."

Autor de um projeto recente em um edifício desocupado na região central, ele aponta a mudança na planta. "O apartamento de 50 metros quadrados tem dois banheiros. Na área de serviço, só cabe a máquina de lavar e um tanque. Já a pequena cozinha é aberta para a sala, e não há quarto e banheiro de empregada", explica.

PRINCIPAIS ALTERAÇÕES

1970
Apartamentos têm em média 100 m², com dois ou três dormitórios (sendo uma suíte). Quartos vêm com armários embutidos, e banheiros, com bidê. Cozinhas e áreas de serviço são grandes e separadas. Quarto de empregada é comum

1980
Tamanho médio cai para 80 m². Quarto e banheiro de empregada são mantidos, mas em dimensões menores. Área do banheiro também é reduzida, e o bidê some. Área comum tem piscina, salão de festas e playground

1990
Área privativa passa para 70 m², e a varanda ganha importância. Cozinha e área de serviço são integradas, com pia, tanque e máquina de lavar em linha. Quartos e banheiros diminuem. Eliminam-se dependências de empregada e entrada de serviço. Áreas comuns crescem e ganham importância

2000
Metragem média é mantida (70 m²), mas varanda ganha itens como churrasqueira. Empreendimentos passam a ter duas ou mais torres e portarias mais controladas. Inaugura-se um conceito de condomínio-clube. Aparecem brinquedoteca, cozinha gourmet, sala ginástica e salão de beleza

2010
Tamanho médio é reduzido para 60 m². A varanda torna-se extensão da sala ou a própria sala, com TV e climatização. Antiga quitinete, que antes tinha até 50 m², passa a ser chamada de estúdio, e área cai para 25 m², em média. Área comum passa a ter lavanderia e serviços compartilhados, como central de ferramentas

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