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mercado de luxo e acessíveis

Conheça os corretores de imóveis dos 'bacanas'

Quer manter seus segredos guardados a sete chaves? Conte-os a um corretor de imóveis de luxo. Discrição e sigilo são palavras de ordem entre os profissionais desse setor, que carregam endereço e telefone de empresários, banqueiros, celebridades e jogadores de futebol, incluindo dados sobre suas mulheres e filhos, além de quanto valem suas casas.

Daniela Ticoulat, 50, corretora da Sotheby's Bossa Nova, imobiliária de luxo dos Jardins, aceitou falar sobre seu trabalho sob uma condição: que não fosse revelado o endereço nem outros detalhes da casa de mil metros quadrados no Alto de Pinheiros onde recebeu a reportagem da Folha. "Isso, nem pensar", disse, acompanhada de duas assessoras.

No mercado desde 2004, Ticoulat começou na função por acaso. "Eu era empresária e tinha uma fábrica de biscoitos. Uma amiga corretora me chamou para ajudar na venda de um imóvel e me encantei pela profissão."

Segunda ela, o mais fascinante desse trabalho é poder apresentar para seus clientes casas e apartamentos que parecem saídos de cenários de novela. "Participo de um momento importante da vida de uma família. E, por conta disso, cria-se um vínculo forte e, em alguns casos, ficamos amigos", diz.

A casa contemporânea, assinada pelo escritório RoccoVidal Perkins+Will, é avaliada em R$ 19,5 milhões, segundo o site da Sotheby´s. Possui seis suítes e oito vagas na garagem. Somente de IPTU, o dono terá que desembolsar cerca de R$ 20 mil.

Gabriel Cabral/Folhapress
São Paulo, SP, Brasil, 07-11-2017: André Plati, corretor independente de luxo. Edifício Geometria Itaim. Rua Elvira Ferraz, 75, Itaim Bibi. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
O ex-DJ André Plati, 38, em um dos apartamentos do edifício Geometria, no Itaim Bibi

NOVATO

Mais novo no mercado, André Plati, 38, deixou o trabalho de DJ para se dedicar à compra e à venda de imóveis. A corretagem é uma vocação de família. O pai teve uma imobiliária no interior de São Paulo, e o irmão é gerente de uma incorporadora.

Plati já passou por Cyrela, MaxHaus e RealOn, empresas do ramo imobiliário. Mas há um ano deixou o terno e a gravata de lado, assumiu barba e tatuagem e seguiu o caminho de corretor autônomo.

"Assim consigo oferecer ao meu cliente produtos que tem mais a cara dele, e não só o que está na lista", diz.

Sua cartela de clientes inclui músicos, chefs de cozinha e até youtubers e influenciadores digitais. Os imóveis, diz, ultrapassam a cifra dos milhões. "É uma clientela que quer muita discrição quando o assunto é a casa deles. É o mínimo que posso garantir", afirma.

Um dos apartamentos vendidos recentemente fica no edifício Geometria, no Itaim Bibi. Uma torre de 26 andares que ocupa quase um quarteirão.

Os apartamentos de 322 metros quadrados são acessados por elevadores que só funcionam com impressão digital dos moradores e dão acesso direto ao living com vista de 180 graus da região.

Uma unidade nesse edifício custa a partir de R$ 8 milhões. Só de comissão, Plati diz ter recebido cerca de 6%. "Se eu ainda trabalhasse numa imobiliária teria recebido no máximo 1% desse valor."

Na entrega das chaves, o corretor costuma dar um mimo aos clientes. Mas não é tarefa fácil. "É difícil presentear quem tem praticamente tudo. Comprar um espumante para quem possui uma adega em casa? Ou um charuto cubano para quem sabe tudo sobre o assunto?", diz ele, que já chegou a dar um passeio de helicóptero sobre São Paulo para um casal que havia fechado negócio.

José Cazarin, 60, proprietário da Axpe Imóveis Especiais, concede a entrevista de seu escritório num edifício construído pelo arquiteto Rino Levi com vista para o Jardim Europa. Sua empresa é especializada em imóveis de alto padrão, condomínios de luxo no interior de São Paulo, casas de praia de até R$ 50 milhões ou residências em cidades como Lisboa e Paris.

"É um segmento que se movimenta na confiança entre o proprietário e o corretor. Há imóveis que nós nem divulgamos o preço", diz.

Para ser cliente de Cazarin, seja para comprar ou vender, é preciso passar por uma avaliação de perfil que inclui referências, pesquisas sobre o nome da pessoa e até buscas em redes sociais.

"Temos olho clínico para isso. Houve casos em que a pessoa dizia ter dinheiro para comprar um imóvel. Mas, depois de um levantamento, vimos que não tinha condições e, educadamente, informamos que o negócio já havia sido fechado", afirma Cazarin.

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