O Centro Municipal de Campismo, conhecido como parque Cemucam, tem uma particularidade: apesar de ser gerido pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) da Prefeitura de São Paulo, o espaço fica em Cotia, portanto, fora dos limites da capital paulista.
Criado em 1968, o Cemucam tem sua origem em uma permuta entre a Prefeitura de São Paulo e a Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab-SP). Esta era dona do terreno em Cotia e o cedeu à administração municipal em troca de outro terreno, em Carapicuíba, na Grande São Paulo.
Em 2013, após o início de discussões para a doação do parque à Prefeitura de Cotia, os moradores do município passaram a se manifestar contra a ideia.
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Gabriela Gaia, Marcia Catunda, Francisco Elio, Osvaldo Gaia, Georgia Aquino e Carlos Nascimento (da esq. p/ dir.), da AAPC, no Cemucam |
Assim nasceu a Associação Amigos do Parque Cemucam (AAPC), conta o corretor de imóveis e morador da região Osvaldo Gaia, 57.
Os moradores conseguiram barrar a transferência. Hoje, a associação conta com presidente, vice-presidente, diretores e conselheiros, que participam de reuniões mensais com a administração do parque e a SVMA para manter o espaço em ordem.
ZELADORIA
Recentemente, o grupo se organizou e trabalhou para suprir a ausência de funcionários no parque, gerada porque não houve renovação de contratos de zeladoria e manutenção para 2017.
Atualmente, o espaço, que tem 500 mil metros quadrados (cerca de um terço do tamanho do parque Ibirapuera), abriga 120 espécies de fauna e vegetação preservada da mata atlântica.
"Com auxílio do conselho administrativo do parque, criamos um revezamento na portaria entre os moradores e pedimos auxílio à polícia para manter a entrada segura", conta Carlos Nascimento, 55, primeiro secretário da AAPC e presidente escolhido para a próxima gestão, que terá início em 2018. As eleições são definidas pela própria população.
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Visitantes no parque Cemucam, em Cotia |
Cerca de 300 moradores também se organizaram, no primeiro semestre do ano, para um mutirão de poda de árvores, coleta de lixo e limpeza dos banheiros. Em novembro, a Prefeitura de São Paulo fechou novos contratos.
"Os mutirões não são mais necessários, mas não podemos confiar só na gestão municipal. É preciso fiscalizar o que será feito daqui para frente", diz Nascimento.
PROATIVIDADE
Para Deize Perin, diretora de divisão técnica de gestão de parques da Prefeitura de São Paulo, a proatividade da associação se tornou um exemplo de como moradores devem agir para cuidar das áreas verdes à sua volta.
Segundo Perin, isso inclui desde levar demandas à administração do parque e à SVMA até criar ações que garantam o manejo do espaço com a participação de todos.
"Hoje, as críticas e demandas trazidas a nós são mais pontuais e possibilitam melhor comunicação entre o conselho administrativo do parque e a AAPC, que é eleita pela população."