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zona sul de são paulo

Cemitério de Santo Amaro, em SP, abriga túmulo de santo popular

Ninguém sabe ao certo quantos corpos estão enterrados nas 36 quadras de jazigos do Cemitério de Santo Amaro, o mais antigo da cidade de São Paulo, fundado no meio do século 19.

Mas o mais famoso dos seus túmulos é o de Antônio Bento do Portão, conhecido como Bento do Portão.

A história diz que ele era um morador de rua que vivia no bairro e fazia pequenos favores em troca de comida. Era conhecido por passar a maior parte de seus dias em frente ao portão do cemitério e por rezar uma prece por todos que o ajudavam de alguma forma.

Quando morreu, aos 42 anos, em 1917, Bento foi enterrado no Cemitério de Santo Amaro.

Anos depois, uma exumação para levar os restos do homem a um ossário mostrou seu corpo sem sinais de decomposição. O episódio alçou Bento ao posto de santo popular e seu túmulo se transformou em local de peregrinação de fiéis, que agradecem por graças alcançadas.

Em 2002, a Prefeitura de São Paulo reformou o túmulo e construiu uma cobertura para preservá-lo.

Vera Gonçalves-25.out.2006/Folha Imagem
Faixa de agradecimento no túmulo de Bento do Portão
Faixa de agradecimento no túmulo de Bento do Portão

FUNDAÇÃO

O cemitério foi criado em 1856, 55 anos após uma ordem régia decretada pelo então Príncipe Regente D. João 6º. Nela, exigia-se parar de realizar sepultamentos em igrejas e capelas, tanto por falta de espaço quanto por medidas sanitárias.

"Houve um momento em que o mau cheiro começou a incomodar, e o Príncipe Regente declarou que aquele tipo de desconforto não podia ser vivido por seus súditos", explica a historiadora Inez Garbuio Peralta.

A ordem era que um cemitério fosse construído em um lugar com boa circulação de ar e sem água parada, para inibir odores desagradáveis. Com a construção da necrópole em Santo Amaro, proibiu-se que corpos fossem enterrados fora de lá.

Em 5 de janeiro de 1857, foi realizado o primeiro sepultamento no endereço: uma menina chamada Teresa, filha de um casal de escravos de nomes Joaquim e Gabriela.

O corpo de Teresa foi envolto apenas em uma mortalha cor de rosa, uma vez que, naquela época, caixões não faziam parte do protocolo.

Segundo Peralta, o cemitério e as práticas sanitárias para enterrar os mortos ajudaram a conter danos maiores nos surtos de varíola que acometeram a região nos anos 1850 e 1870 e na gripe espanhola em 1918.

"O cemitério é resultante do desenvolvimento da sociedade e foi sendo ampliado junto a ela", diz Peralta.

Atualmente, uma comissão da prefeitura está fazendo a contagem do total de jazigos.

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