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Aprenda táticas para desapegar de móveis e roupas sem sofrimento

Se um objeto ou peça de roupa está guardado há mais de dois anos no armário, é hora de passá-lo adiante. Mesmo que seja novo ou esteja dentro da validade.

"Temos o hábito de doar só o que não está em boas condições de uso", afirma a organizadora Ingrid Lisboa, da Home Organizer. "Em vez disso, devemos retirar de casa itens em bom estado que não usamos mais."

A tolerância é um pouco maior para vestidos de gala, casacos pesados, jogos de jantar e outros objetos usados de forma esporádica. Desde que haja, de fato, a intenção de usá-los novamente –não é porque tem qualidade e custou caro que deve virar peça de museu.

"As pessoas costumam comprar coisas novas em vez de recorrer ao que está no fundo do armário", diz Mylena Abujamra, da empresa A Gente Organiza.

Outro sinal de que é hora de doar objetos é a falta de espaço. "Quando um lugar não atende mais às necessidades dos moradores e eles precisam criar novas áreas para armazenagem de itens, significa que a situação está fugindo do controle", afirma Claudia Pilli, da OrdenArte.

Para se prevenir contra o caos, a organizadora Ana Paula Vanzan, da Espaço Ordenado, recomenda a doação de uma coisa velha a cada nova aquisição e uma revisão de tudo que está guardado a cada seis meses.

SEM ARREPENDIMENTO

O processo de se livrar de itens pessoais exige paciência e disposição emocional para lidar com lembranças. Mas algumas táticas tornam a prática mais fácil.

O primeiro passo é questionar a utilidade daquele item e por que está guardado. "As pessoas confundem gostar com usar. Depois de três ou quatro perguntas, as justificativas para manter algo se desmontam", diz Lisboa.

Alberto Rocha/Folhapress
A empresária Priscila Guedes, em sua casa, no Brooklin (zona sul de São Paulo)
A empresária Priscila Guedes, em sua casa, no Brooklin (zona sul de São Paulo)

A empresária Priscila Guedes, 34, decidiu limpar o armário do seu antigo quarto, na casa dos pais, em dezembro depois de perceber que não precisava mais das peças –algumas guardadas desde os seus 15 anos. Em três dias, encheu oito caixas de mudança com calças, blusas, moletons e outros itens.

"A parte mais difícil foi pensar que nunca mais veria as roupas", conta. Outro desafio foi convencer a mãe a desapegar. "Manter o armário cheio era uma forma de ela continuar ligada a mim. Precisava cortar o cordão umbilical."

Na hora de separar o que vai e o que fica, é preciso ter calma. O indicado é organizar um espaço do armário ou do cômodo de cada vez, sem desistir no meio da tarefa.

Caso haja muitas dúvidas sobre a doação de alguns itens, uma dica é juntá-los em uma "caixa da indecisão". Se não for aberta em até seis meses, significa que é hora de abrir mão dos objetos, afirma Rafaela Oliveira, do blog Organize sem Frescuras.

Em último caso, vale tirar uma foto do item pelo qual existe um grande apego antes de doá-lo. "Assim, ele poderá ser guardado, mas sem ocupar espaço", diz Oliveira.

E, em vez de focar no que está saindo, o segredo é se concentrar no que está ficando. "Que é o que a pessoa usa, gosta e a faz feliz", diz Lisboa.

ALÉM DO LIMITE

O hábito de guardar coisas e a dificuldade de se desfazer de um objeto podem sair do controle e virar doença.

"A acumulação é um transtorno quando a pessoa tem a necessidade de acumular mesmo que os objetos não tenham valor", explica Marcelo Alves dos Santos, professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie. "É diferente de colecionismo, quando há um apreço pelos itens guardados."

Segundo Santos, 4% a 7% da população sofre desse transtorno, chamado de disposofobia, que pode estar ligado à ansiedade e à depressão. A maior prevalência é em mulheres de meia idade, diz Fátima Vasconcellos, da diretoria da Associação Brasileira de Psiquiatria.

Caso algum familiar não consiga doar objetos acumulados, é hora de acender o alerta vermelho. Quanto antes for diagnosticado, maiores as chances de cura.

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CONHEÇA ALGUNS TRUQUES PARA DESENTULHAR A CASA

Vista a roupa e tire um selfie
Fotografe as roupas que pretende doar e avalie se ainda gosta do resultado. Em caso negativo, é hora de passar as peças adiante. Se o apego for muito grande, tirar uma foto da doação pode amenizar o sofrimento.

Aureliano Medeiros

Crie um banco de reservas
Se está muito em dúvida quanto à doação de uma peça, deixe-a guardada em uma caixa por um tempo. Caso ela não seja usada em até seis meses, a recomendação é doá-la. Roupas usadas esporadicamente, como casacos pesados e vestidos de festa, são exceção e podem ser guardados.

Aureliano Medeiros

Coloque os cabides de castigo
Deixe as peças que são usadas com pouca frequência penduradas no sentido oposto das preferidas. Dessa forma, será mais fácil de perceber a quantidade de itens esquecidos no armário.

Aureliano Medeiros

Não espere o objeto estragar
Não é preciso deixar o prazo de validade de um item chegar ao fim ou que ele tenha algum tipo de defeito para passá-lo adiante. É preciso desapegar do que não é útil, seja um móvel ou um casaco, mesmo que ainda tenha qualidade ou tenha sido um presente de alguém.

Aureliano Medeiros

Avalie se o conserto vale a pena
Caso o utensílio esteja quebrado, rasgado ou com algum outro defeito, pese se vale a pena gastar dinheiro e tempo para consertá-lo. Se ele está há muito tempo guardado na sacolinha de coisas para resolver, desapegue.

Aureliano Medeiros

Faça uma autoanálise
Pergunte para si mesmo o motivo pelo qual guarda o item, quantos outros parecidos existem em casa e há quanto tempo ele não é usado. Quanto mais questionamentos objetivos, mais fácil de desapegar. E, sempre que comprar algo novo, uma coisa antiga deve ser doada.

Aureliano Medeiros

Não faça tudo de uma vez
Revise a cada seis meses os itens guardados em armários, gavetas e cômodos da casa, retirando o que não serve mais. Se o lugar já estiver muito bagunçado, a dica é organizar por etapas, concentrando-se em um canto de cada vez.

Aureliano Medeiros

Monte uma caixa de lembranças
Em vez de ocupar um quarto inteiro com objetos antigos, selecione aqueles de maior valor sentimental, como cartas e brinquedos da infância, e guarde-os em uma caixa. Ela não deve ter muito mais do que 40 cm x 30 cm.

Aureliano Medeiros

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Veja lugares em São Paulo que buscam doações em casa

Exército da salvação
A organização retira roupas, móveis, eletrodomésticos e brinquedos em domicílio. Serviço deve ser agendado por meio do site da instituição ou do telefone (11) 4003-2299.

Casas André Luiz
A entidade aceita móveis, roupas, objetos ou eletroeletrônicos em bom estado. Busca os itens na Grande São Paulo, em Campinas e Sorocaba. Retirada deve ser solicitada pelo site da instituição ou pelo telefone (11) 2459-7000.

Bazar Unibes
A instituição, que atende a mais de 15 mil pessoas, aceita roupas, brinquedos, móveis, eletrodomésticos e outros produtos. Retirada deve ser agendada pela internet ou por meio do telefone (11) 3311-7266.

Seara Bendita
A instituição busca em domicílio doações maiores, como móveis. Serviço deve ser agendado pelo telefone (11) 5533-5172. Outros tipos de itens devem ser levados até a entidade, no Campo Belo (zona sul da capital).

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