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zona leste de são paulo

Mooca se renova com apoio de morador antigo

Duas épocas distintas convivem no bairro da Mooca. O distrito na zona leste de São Paulo é, ao mesmo tempo, símbolo histórico da chegada dos imigrantes italianos na cidade e vitrine da expansão da verticalização e dos lançamentos de empreendimentos imobiliários. Essa dualidade entre passado e futuro é a forma que alguns dos antigos e ilustres moradores definem o seu presente.

Enquanto velhas estruturas da indústria paulista sobrevivem na paisagem local, como a fábrica de açúcar da empresa União, condomínios de prédios são lançados (22 nos últimos cinco anos).

"A Mooca é privilegiada. É um bairro que perdeu um pouco aquela visão do passado industrial, mas está virando residencial, com um comércio muito eficaz, que não existia", diz o italiano Francesco Paolo Lo Schiavo, 67.

Alberto Rocha/Folhapress
O italiano Francesco Paolo Lo Schiavo, 67, um dos donos da confeitaria Di Cunto, na Mooca
O italiano Francesco Paolo Lo Schiavo, 67, um dos donos da confeitaria Di Cunto, na Mooca

Ele veio para o Brasil em 1975, instalando-se na região na zona leste, e hoje é administrador e um dos donos de um dos estabelecimentos mais antigos e conhecidos do bairro, a Di Cunto (rua Borges Figueiredo, 61). O local, que existe desde 1935, é uma das mais tradicionais casas de pães, massas artesanais e outras especialidades da cozinha italiana na capital.

Para Paolo, a atual geração de moradores do bairro está preocupada em manter o legado dos imigrantes. "É muito forte essa tradição que os jovens incorporam na língua, nos costumes, na cozinha. Há um grupo que está alugando galpões antigos, abrindo restaurantes, hamburguerias, pizzarias de um estilo mais moderno, mas com o que foi herdado culturalmente dos seus pais e avós."

Arthur Carlini, 65, dono do tradicional restaurante Don Carlini, disse que a verticalização da Mooca ajudou a aumentar a freguesia com novos moradores no bairro. O estabelecimento está há 33 anos no mesmo endereço (rua Dona Ana Néri, 265) e também recebe pessoas de outros lugares de São Paulo devido à sua tradição.

Carlini afirma que o bairro melhorou nos últimos anos. Prova disso, segundo ele, é um movimento recente para revitalizar partes tradicionais do distrito, preservando construções antigas para ocupá-las com novas lojas.

A iniciativa, de comerciantes locais, tem como objetivo criar um polo gastronômico próximo da rua dos Trilhos.

Alberto Rocha/Folhapress
Arthur Carlini, 65, no restaurante Don Carlini, na Mooca
Arthur Carlini, 65, no restaurante Don Carlini, na Mooca

REVITALIZAÇÃO

Um dos responsáveis pela revitalização da rua dos Trilhos é o empresário José Américo Cripa Filho, o Tatá, 46, mooquense de nascimento e criação. Ele é o fundador e proprietário da lanchonete Cadillac Burguer, hamburgueria que está há seis anos na região, na rua Juventus.

Tatá disse que planejou um projeto inspirado no que já viu em outros países. "A ideia é fazer a reocupação de uma área industrial. Existe a área da indústria, que acompanha a linha férrea, e quero trazer empreendimentos de economia criativa para essa região", explicou. Para isso, já instalou próximo dali um de seus novos estabelecimentos, o restaurante Cadillac BBQ, na rua Borges de Figueiredo.

O empresário afirma que busca atrair também centros culturais e maior variedade de comércio. "Eu não quero só restaurantes aqui, pretendo trazer arte, que costuma trazer junto maior estrutura. O que eu vejo nos outros países é que a arte vem em peso para depois virem os restaurantes e as lojas. Eu faço aquele trabalho de formiguinha para divulgar para os moradores e prédios da região."

A ideia final é que todo o percurso que se estende no bairro desde o Museu do Imigrante cresça com mais empreendimentos, acompanhando a linha férrea até o final da rua Borges Figueiredo. Lá está o antigo Moinho de Santo Antônio, além da Di Cunto, dois ícones do passado que podem integrar o futuro do bairro paulistano.

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