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Casacor 2018

Sustentabilidade é a maior protagonista da Casacor 2018

Uma casa bonita por dentro e por fora, sem dúvida. Mas a maior novidade do projeto assinado pelo escritório de Arthur Casas está no seu sistema construtivo.

O espaço de 220 m², com salas, cozinha, quarto, banheiro, foi montado a partir de componentes que chegaram prontos ao Jockey Club.

Como nada foi fabricado ali, o consumo de água no canteiro de obras foi praticamente zero, não houve desperdício de material e os resíduos se resumiram às embalagens, que são recicláveis. Do ponto de vista ambiental, é uma construção de baixíssimo impacto.

Outra vantagem é que uma obra assim é mais previsível em termos de cronograma e orçamento. Para a Casacor, o projeto foi executado em 28 dias, mas os arquitetos querem trabalhar com o prazo de até seis meses para fazer um imóvel desse modelo.

"Pelo sistema tradicional, uma casa demora no mínimo um ano e meio para ser construída. O processo envolve muita dor de cabeça e muito desperdício. Com esse sistema, você consegue eliminar isso e, principalmente, saber quanto vai gastar desde o começo", diz Arthur Casas.

casa

O preço final para o consumidor ainda não foi calculado, mas a intenção do arquiteto é começar a vender esse produto —como ele chama— em cerca de dois anos. "Vamos estudar como poderemos comercializar em relação aos materiais. A ideia é que os acabamentos sejam todos industrializados", explica.

O cliente poderá decidir o tamanho da casa e a divisão da planta -número de quartos, por exemplo. Mas terá limitações na hora de escolher alguns revestimentos. Placas para energia solar, sistema de reúso de água pluvial e um biodigestor, para transformar lixo orgânico em gás para cozinha, são itens obrigatórios do projeto -o proprietário não tem a opção de retirá-los.

A preocupação com sustentabilidade entre os profissionais da Casacor fica evidente a cada ano e se insere na política implementada a partir de 2015, quando a consultoria Inovatech Engenharia foi chamada para colocar de pé uma estratégia que diminuísse o impacto ambiental da mostra.

"Fizemos um plano de cinco anos. Nossa experiência mostra que esse tipo de mudança de cultura não acontece do dia para a noite. Não é só fazer uma cartilha ou treinamento, é um trabalho corpo a corpo e que demora", conta Luiz Henrique Ferreira, fundador da Inovatech.

Gabriel Cabral/Folhapress
Móveis de madeira de reflorestamento e revestimento de parede com pastilhas feitas com PET reciclado em reforma de casa tombada
Móveis de madeira de reflorestamento e revestimento de parede com pastilhas feitas com PET reciclado em reforma de casa tombada

Uma lista de metas para 2020 foi traçada, e alguns resultados já são mensuráveis. A gestão de resíduos, que era descentralizada —cada profissional cuidava dos seus— hoje é feita pela Casacor. No ano passado, 98% dos resíduos da mostra foram vendidos, doados ou reciclados.

Entre 2016 e 2017, a economia de água foi de 22%, com a instalação de mais hidrômetros, que detectam torneiras abertas e vazamentos. Para os próximos dois anos, o objetivo é obter uma certificação de sustentabilidade do evento inteiro e ter todas as emissões de CO2 compensadas.

Neste ano, pela primeira vez, um concurso foi realizado para escolher e executar um projeto sustentável de reforma para uma casinha no espaço da mostra. As escolhidas foram as arquitetas recém-formadas Gabriela Lotufo e Larissa Silva.

Segundo Ferreira, a vitória da dupla se deveu à escolha de materiais sustentáveis e à proposta de intervenção minimalista na casa do Jockey, que é tombada pelo patrimônio histórico.

"Decidimos mostrar o que a casa tinha de bacana, como a questão das treliças do telhado e o piso de madeira", diz Larissa. "A casa é para uma mostra, tem que ser pensada como será montada e desmontada."

Sem paredes por dentro, o projeto usou painéis de madeira pinus, de reflorestamento, para organizar as áreas da cozinha e do quarto, com a sala separando os dois. Na cozinha e no banheiro, foram usadas pastilhas compostas de 85% PET reciclado.

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