Publicidade

interior e litoral

Livro mostra transformações do Porto de Santos

Foi em uma caixa de sapatos de seu pai que o fotógrafo Marcos Piffer, 55, encontrou a matéria-prima para seu mais recente projeto, "Porto de Santos no Século 21", fotolivro que reúne registros do principal complexo portuário brasileiro.

Lá estavam imagens que Carlos Alberto Piffer, 88, fotografou quando era engenheiro da extinta Companhia das Docas de Santos, antiga operadora do porto, durante as décadas de 1950 e 1960.

No livro, lançado em março passado, elas contrapõem as cenas registradas por Marcos ao longo do ano passado.

"Meu pai gostava tanto do que fazia que até nos finais de semana ele levava a gente para passear no porto", diz Marcos. "Ele foi um fotógrafo amador muito bom e esse contato com um universo diferenciado de imagens despertou meu interesse pela fotografia."

Nos registros e relatos do pai, Marcos encontrou narrativas que moldaram o projeto. Elas jogam luz, por exemplo, a trabalhadores nos contêineres, navios de passageiros e terminais de grãos. "Não quis fazer um livro só de imagens bonitas, mas sobre como o porto funciona", afirma.

Entre os fatos históricos registrados pelo engenheiro está a construção de uma barreira de madeira para conter vazamentos de óleos nas águas da Ilha de Barnabé, em 1959.

Carlos Alberto conta que também foram construídas uma barcaça recolhedora de resíduos e uma lança de apoio, mas devido à dificuldade de montagem da operação e à duvidosa eficácia, só fizeram o teste em duas ocasiões.

O livro também recupera a tentativa pioneira de se transportar bananas embaladas em palhas, em 1969, a fim de evitar descartes comuns na época devido ao mau manuseio e transporte.

As histórias do cotidiano no porto foram contadas de pai para filho e a catalogação das imagens teve ajuda de outra geração da família, a filha do fotógrafo, a estudante Anita Denari Piffer, 20.

Além da memória afetiva inerente ao projeto, o fotógrafo pretendia construir um panorama do cais santista nos dias atuais. E foi esse objetivo que norteou a composição do livro: são cerca de 30 fotos antigas, em preto e branco, e 200 recentes, coloridas.

O porto é descrito como o protagonista da cidade. Por ali, 355 mil toneladas de cargas são escoadas por dia e cerca de 10 mil pessoas trabalham em seu cais.

É a partir dele que Marcos apresenta paisagens e regiões características de Santos, como o Morro de São Jerônimo e o bairro central Valongo, assim como a igreja, o convento e o santuário de Santo Antônio do Valongo.

"Pra mim era claro que não dava pra falar da cidade sem falar do porto", diz.

Não por acaso o complexo já havia figurado em um capítulo de outro livro do fotógrafo, "Santos - Roteiro Lírico e Poético", de 2007 (Marcos Piffer Fotografia e Editora, 136 págs., R$ 100). O fotógrafo santista afirma que o porto hoje é radicalmente diferente do cais de suas lembranças de infância, quando ele observava maior presença humana e menos restrições para conhecer o local.

Por mais de um século desde sua inauguração em 1892 o porto operou ancorado no uso de mão de obra braçal. O aumento da mecanização da atividade portuária se destacam nos registros mais recentes do livro.

"Hoje tudo é grandioso, a começar pelos navios e guindastes. O ser humano ficou pequeno", diz ele.

Publicidade
Publicidade
Publicidade