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Designer transforma a irreverência brasileira em móveis

A carreira de designer e empresário do paulistano Pedro Paulo, 41, começou quase ao mesmo tempo no Brasil e na Itália –onde acontece o Salão do Móvel de Milão, palco dos lançamentos da indústria moveleira que mais repercutem no mundo.

Nesse cenário Franco fez sua estreia. Aos 22 anos, foi selecionado no concurso Brasil Faz Design, que mostrou sua poltrona Orbital. "Um grande curador internacional gostou da peça e me colocou na capa de um livro. Passei a ser convidado para outros lugares", diz.

Divulgação
Pedro Franco, 41, designer e CEO da loja A Lot Of Brasil, em São Paulo
Pedro Franco, 41, designer e CEO da loja A Lot Of Brasil, em São Paulo

Desde então, foram mais 16 participações na semana de design milanesa, entre eventos paralelos e o próprio Salão do Móvel, onde desde 2013 é um dos expositores, com a sua empresa, A Lot Of Brasil.

Por esse currículo, Franco foi chamado para falar sobre design internacional na feira ABCasa. Na sua palestra a profissionais do setor, às 15h do dia 18 de agosto, vai apresentar uma grande tendência principal nesse segmento: o desejo do consumidor de ser protagonista, de interagir com o objeto. "As pessoas querem transformar um produto, ter autonomia sobre ele, participar de uma criação", diz.

Criado em 2012, o estúdio A Lot Of Brasil nasceu da observação que Franco fazia dos eventos dos quais participava como criativo. "Resolvi montar minha indústria para produzir minhas peças e de outros designers. O conceito é fazer móveis 100% brasileiros, que expressem a cultura do país", diz.

Apesar de ainda desenhar mobiliário, hoje sua rotina é de empresário. Com fábrica em Indaiatuba (SP) e escritório na alameda Gabriel Monteiro da Silva, na capital, a companhia A Lot Of Brasil produz cerca de cem peças, assinadas por 18 designers. A marca é distribuída para 55 pontos de venda no Brasil e outros 23 internacionais.

Um dos diferenciais é a pesquisa de novos materiais, com matérias-primas patenteadas fora do país. Chamado de "madeira líquida", o composto utilizado na fabricação por injeção, como se fosse plástico convencional, é uma mistura de resíduos de bambu, acerola e açaí com ecopolímeros.

Feita com esse material, a cadeira Esqueleto é o item do catálogo da empresa que mais vende: cerca de 2.500 unidades por ano.

"Uma marca brasileira tem que oferecer algo diferente, que tenha o nosso DNA", diz Franco, que gosta de usar a palavra "glocalidade", neologismo que mistura "global" com "local", para explicar o conceito da sua empresa.

O designer planeja abrir uma filial na Itália para fazer a montagem final de algumas peças. Com isso, espera poder distribuir seus móveis com a mesma agilidade das companhias europeias. "Para exportar design brasileiro tem que ter inteligência de mercado. Preciso entrar na parte de empreendedorismo", afirma.

Vice-presidente de Móveis de Alta Decoração da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário, Franco diz que, do início da sua carreira até hoje, ocorreu uma grande mudança na mentalidade dos fabricantes nacionais, que agora compreendem o design como parte importante de um produto. "Quem não tem o valor do design está enfrentando dificuldade."

"A China vomita produto o tempo inteiro, oferece preço e tecnologia melhores que todos os países. Temos que colocar algo a mais. Isso nos dá a oportunidade de dar valores mais humanos aos móveis, em peças que traduzam a alma de um país", diz.

Neste ano, o designer levou para Milão sua coleção Capim Dourado, inspirada na palha típica do cerrado, como no Jalapão (TO). "Não vendemos mais produtos, mas a história por trás deles. Queremos ser embaixadores desses valores locais brasileiros."

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