"Que emocioantchi! Que fofo! Que exemplo! Que puro creme do milho." Essas, geralmente, são expressões que costumam acompanhar narrativas que envolvem alguma apresentação de pessoas com deficiência, a exemplo do que aconteceu na abertura da Copa, no Qatar, quando um homem sem as pernas discursou ao lado do ator Morgan Freeman.
Já ouvi algumas vezes aqui e ali que certos textos que atrevo a parir abraçam a ideia da autoajuda. O tom da afirmação é sempre meio pejorativo como se as palavras e as ideias postas nesse contexto fossem de menor relevância, uma vez que carregam alguma intenção de provocar impacto no modo de pensar sobre si e sobre o outro. Faltaria profundidade, fineza e elaboração ao estilo.
Circulou pelas "internets" a imagem de um jornalista que fazia uma transmissão ao vivo, em Kiev, na Ucrânia, quando um míssil russo cruzou o céu e provou uma explosão, causando um aparente pânico no comunicador que parou de falar para se proteger.
"A gente não estava lá, ainda não estamos. A sociedade ainda estranha a nossa presença nesses espaços, e quando estamos lá, muitas vezes, é com um viés estereotipado, com a figura do assistencialismo ou do super-herói. Isso nos desumaniza!"
"Pai, entra no foguete. Agora vamos para Gana, né? Gana é na África, pai? Pai, você já pensou que se o racismo fosse mesmo um crime ele não aconteceria tanto? Booooa, não tenho o Daniel Amartey. Agora, vamos para qual país, pai?"
Eu tentava, mas não conseguia abrir completamente os olhos, apenas uma pequena fresta por onde entrava uma luz branca vinda do teto. Meu corpo estava pesado, completamente imóvel. Tinha a sensação de estar amarrado, semimorto. Havia sobrevivido a mais uma cirurgia reparadora, agora, com oito horas de duração. Tinha dez anos de idade.
Li um destaque assim, num site de notícias, a respeito da chapa política Simone Tebet (MDB) e Mara Gabrilli (PSDB) para a Presidência da República: "Iniciativa bonita, com chances remotas de vitória".
Assisti a um vídeo da cantora Joelma dançando aquele ritmo alucinante dela com um bailarino cadeirante no palco. E era uma coreografia de verdade, com movimentos ensaiados e harmônicos, não apenas uma sentada no colo do rapaz para o público achar fofo e aplaudir cheio de lágrimas.
Nem te conto: sabia que muita gente me chama de Jair? Mas, preciso ser franco, me livrei, graças a um valor que o senhor muito propaga, a macheza. Meu pai não deixou no indefinido, não, meteu lá no final do nome um artigo masculino e me tornei foi Jairo.
O texto a seguir foi escrito por Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19, e faz parte da campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Pelo segundo ano, colunistas do jornal cedem seus espaços para a reflexão sobre o papel da ciência na reconstrução do Brasil. A iniciativa é do Instituto Serrapilheira.