Quando a Ferrari decidiu lançar a sua nova GTC4Lusso nas movimentadas estradas do Tirol italiano (norte do país), a mensagem que a marca quis passar foi de que sua nova geração de cupês Gran Turismo –carros que aliam desempenho e conforto– estava mais versátil.
Com perfil alongado, tração nas quatro rodas, capacidade para quatro passageiros e 800 litros de espaço para bagagens, o modelo mira aqueles que procuram um carro para o uso familiar e cotidiano, sem deixar a potência de lado.
"O cliente deste carro é cerca de 10 anos mais jovem do que comprador usual dos nossos cupês e realiza algo como 60% de suas viagens com mais de duas pessoas a bordo", afirma o italiano Pietro Virgolin, diretor de Produto das séries GT da marca.
"A GTC4Lusso é o modelo mais próximo de uma SUV que a Ferrari fará", acrescenta Sergio Marchionne, presidente da Ferrari. Ainda sem preço definido para o Brasil, o modelo será vendido na Europa por € 270 mil (R$ 984 mil).
TRAÇÃO
Se a tração nas quatro rodas é uma novidade entre as máquinas produzidas em Maranello, sede da montadora, a GTC4Lusso mantém a tradição de andar mais do que o modelo que substitui. Seu motor V12 tem 690 cavalos de potência com 8.000 rpm e 71 kgfm de torque.
Sua antecessora, a FF, lançada em 2011, tinha o mesmo motor V12, mas com 660 cv, no modelo topo de linha.
Ainda na comparação com a FF, a GTC4Lusso ganhou estilo levemente inspirado no da 330GTC e um nome que remete à 250 Berlinetta Lusso, dois modelos emblemáticos da Ferrari, nos anos 1960.
O novo carro teve capô e grade frontal redesenhados, e conta ainda com faróis com LEDs e lanternas traseira com dois pares de lanternas redondas, uma marca ferrarista.
"Uma das nossas inspirações para desenhar este automóvel foi o conceito de linhas positivas e negativas bolado pelo (arquiteto) Oscar Niemeyer", diz Luca Casarini, designer da marca.
Com 4,92 metros de comprimento (1,5 cm a mais do que a FF) e idênticos 2,99 metros de distância entre eixos, a GTC4Lusso também passou por mudanças no seu interior.
O volante, agora mais achatado, tem uma pegada ainda mais esportiva. Em torno dele estão concentradas as borboletas que acionam manualmente as marchas e o "manettino", seletor que calibra o funcionamento do motor, incluindo controles de estabilidade e suspensão, para um modo de guiar esportivo, confortável ou para encarar piso molhado ou com neve.
O painel também é novo, com destaque para a tela com 10 polegadas do lado do motorista. Há outra, com 8,8 polegadas, do lado do passageiro. O sistema de entretenimento a bordo é compatível com smartphones Apple.
DESEMPENHO
"Este motor tem exatos 29 cavalos a mais do que o da FF", conta o engenheiro italiano Luca Poggio, que participou do desenvolvimento do carro. Segundo ele, os pistões do motor foram redesenhados, houve redução de peso e a ignição ficou mais eficiente.
Em termos de aceleração, a GTC4Lusso vai de 0 a 100 km/h em 3s4 –e chega a uma velocidade máxima de 335 km/h. Sua antecessora, a FF, alcançava a marca em 3s7. "Retrabalhamos o torque, a aceleração e deixamos o ronco do motor ainda mais insinuante", diz Poggio.
O sistema de tração se saiu bem nas estradas movimentadas e cheias de curvas que cortam as montanhas Dolomitas, no norte da Itália. Batizado de 4RM EVO, utiliza uma rede de sensores eletrônicos.
"O sistema vigia a estabilidade em cada uma das rodas - se entender que houve perda de aderência em uma delas, corrige o problema, em frações de segundos", diz Poggio.
Por trás do mecanismo está uma nova unidade de processamento de dados, mais rápida. "Tempo de resposta, aceleração, tudo ficou mais rápido neste carro, que consome quase 8% menos combustível do que a FF", diz Virgolin, diretor de Produto das séries GT da marca.