"Meu primeiro carro, um Fiat Premio 1986 que comprei usado, não tinha ar-condicionado. Foi o inferno em minha vida", lembra o professor de física Luciano Pires, 41. O calor a bordo gerava irritação e fadiga ao volante.
Até os anos 1990, refrigeração automotiva era artigo de luxo. Hoje, mais de 90% dos veículos à venda no Brasil trazem o equipamento.
A eletrônica permite que o aparelho- que "rouba" de 5% a 10% da potência do motor- seja desligado momentaneamente em subidas ou ultrapassagens. Isso possibilita que carros 1.0 recebam o equipamento sem ter o desempenho comprometido.
O princípio de funcionamento remonta a 1902, ano em que Willis Carrier (1876-1950) desenvolveu um sistema de resfriamento a partir da compressão de gás para uma gráfica de Nova York.
"A pressão do compressor leva o gás ao estado líquido para que, na serpentina [tubulação], volte ao estado gasoso por expansão, baixando a temperatura do sistema", explica o professor Pires. O ar passa por essa área gelada, há troca contínua de calor e a cabine fica fresquinha.
Com tantas partes mecânicas, cedo ou tarde aparece um problema. Pires passou por isso com seu carro atual, um Ford Focus: uma rachadura resultou em um conserto de R$ 1.400 na serpentina.
A perda do poder de refrigeração indica que há vazamento de gás. Na oficina, é injetado um líquido luminescente no sistema, que deixa marcações nos pontos de escape. Se o reparo for simples, custará entre R$ 150 e R$ 300.
O mais grave que pode ocorrer é a quebra do compressor. O componente custa cerca de R$ 1.800 e há gastos com mão de obra e peças periféricas (polias e correia).
Para evitar esses problemas, o ar-condicionado deve ser vistoriado nas revisões do carro e passar anualmente por um processo de higienização com troca de filtro.
"Os métodos convencionais usam spray ou algum líquido para limpar os dutos. Há também a oxi-sanitização, feita com um equipamento que gera moléculas de ozônio capazes de eliminar fungos, bactérias e odores desagradáveis", diz o engenheiro Leonardo Vega, do grupo Servcentro Automotivo.
CHEIRO DE SABÃO
A sofisticação do aparelho de ar-condicionado acompanha o preço do carro. Modelos que custam a partir de R$ 80 mil são usualmente equipados com sistemas eletrônicos capazes de manter duas ou três áreas diferentes de temperatura na cabine.
Carros de luxo da Volkswagen trazem o controle Climatronic, que avalia a intensidade dos raios solares e assim define o fluxo do ar frio. Se o motorista acionar o limpador do para-brisa, o sistema fecha automaticamente a tomada de ar externo. Isso evita que o cheiro do sabão invada a cabine.