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Garantia estendida proporciona bons negócios entre carros seminovos

Esticar a garantia dos carros novos foi um chamariz nos tempos de mercado em alta. O setor automotivo vivia um ciclo com seguidos recordes de emplacamentos -de 2003 a 2013-, e as marcas precisavam se destacar. O prazo de três anos de cobertura tornou-se comum.

Com a crise econômica, a proteção de fábrica continuou a ser um atrativo aos clientes, mas agora entre carros usados, que estão em alta. As vendas desses modelos cresceram 11,6% no primeiro trimestre, enquanto os carros novos recuaram 1,9% no período em relação a 2016.

As lojas estão repletas de modelos como o escolhido pelo professor Luciano Pires, 42. Ele comprou um Citroën C4 Lounge THP 2014/2015 há um mês, com 30 mil quilômetros rodados e ainda garantido pela fábrica.

Ricardo Borges/Folhapress
Luciano Pires, 42, que comprou um Citroën C4 Lounge seminovo
Luciano Pires, 42, que comprou um Citroën C4 Lounge seminovo

"Queria um carro superior, mas sem arcar com o alto valor e a depreciação de um modelo zero-km. A cobertura da montadora vai até novembro deste ano", diz Pires, que pagou R$ 52 mil pelo sedã com motor 1.6 turbo (165 cv).

O professor deu sorte de ter encontrado um carro que acabara de passar por uma revisão na concessionária, mas ainda assim houve gastos.

"Um pneu meia-vida rasgou, me forçando a comprar outro par, e tive que trocar a bateria. O total de despesas ficou em R$ 1.400, mas pretendo substituir também as palhetas do limpador de para-brisas", afirma o professor.

Os itens citados por ele não são cobertos pela garantia, que cuida basicamente dos defeitos de fabricação ou de problemas que não tenham sido causados por desgaste natural ou pela falta de manutenção regular.

Para não perder a cobertura, o novo proprietário precisa seguir o plano de revisões da montadora. Por isso é importante checar os custos antes de fechar negócio, pois é comum que os antigos donos vendam o carro às vésperas de realizar um reparo mais caro. Há grandes oscilações de valores entre as marcas.

A manutenção de 40 mil quilômetros programada para o compacto Honda Fit 1.5 2015 custa R$ 1.975. Na Peugeot, o pacote de serviços de recomendado para o hatch médio 308 1.6 de mesmo ano sai por R$ 1.360 em igual quilometragem.

E não são apenas as revisões que devem ser consideradas: por mais novo que o carro esteja, alguns problemas podem aparecer.

O engenheiro Leonardo Vega, da Servcentro Bosch Campinas, afirma que uma volta no quarteirão ajuda a identificar barulhos estranhos no motor ou na suspensão. O mais difícil é descobrir se o veículo sofreu um acidente.

"Às vezes dá para ver diferenças no tom da pintura, bem como na cor dos parafusos que unem chapas da carroceria. Essas peças, em geral, devem ter a mesma coloração do carro", diz Vega.

Compradores que atentam para esses detalhes têm chances de encontrar boas oportunidades. Caso optasse por um modelo zero-quilômetro pelo mesmo valor que pagou no C4 Lounge, Pires teria de escolher um compacto como o sedã Fiat Gran Siena 1.4 flex (R$ 50.750), que tem metade da potência do Citroën e não vem com câmbio automático.

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REGRAS BÁSICAS

Mantenha a proteção
Se o antigo proprietário vendeu o carro às vésperas de uma revisão obrigatória, o novo dono terá de realizar o serviço para preservar a cobertura de fábrica

Perdeu
Caso haja lacunas no manual de revisão do carro, é provável que a garantia tenha sido suspensa por falta de manutenções estipuladas em contrato

Veja bem
Observe detalhes que poderão gerar custos extras não cobertos pela garantia, como trincas nos vidros ou pneus desgastados

Obrigação da loja
O fato de o carro ainda estar coberto pela montadora não isenta o lojista da garantia de três meses obrigatória por lei. isso evita que o novo dono pague por problemas que não estão abrangidos pelo plano de manutenção

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NÚMERO DE VENDAS (março de 2017)

926 mil
Carros usados (VW Gol é o mais procurado entre os carros usados, com 81,5 mil unidades)

189 mil
Carros novos

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