As montadoras promovem pesquisas em conjunto que não são divulgadas. A Folha teve acesso a um desses levantamentos recentes, com dados sobre as demandas de clientes que pretendem adquirir um carro compacto.
Dos cerca de 12 mil entrevistados, 38% afirmam que a economia de combustível é o item mais importante ao escolher um carro, seguido de preço (28% das citações).
As marcas veem uma tendência nesses dados: é a segunda vez seguida –a primeira foi em 2016– que o desejo por eficiência energética ocupa o topo da lista.
Os carros que melhor se enquadram nessas preferências estão reunidos no teste Folha-Mauá: VW Up!, Fiat Mobi e Chevrolet Onix Joy são os modelos 1.0 mais econômicos do mercado e estão entre os de menor custo.
Todos trazem soluções que buscam reduzir o consumo: motores mais leves e com menos atrito interno (três cilindros no caso de Up! e Mobi), direção com assistência elétrica e pneus "verdes" (de baixa resistência à rolagem).
VÃO LONGE
O mais "pão duro" é o Mobi Drive (R$ 40.650). A média rodoviária de 20,9 km/l, com gasolina, permite rodar 982 km com um tanque (47 litros).
Com reservatórios maiores, Up! (50 litros) e Onix (54 litros) percorrem, respectivamente, 905 km e 1.031 km.
"Essa versão do Mobi já representa 50% dos pedidos nas lojas", diz Carlos Eugênio Dutra, diretor de produto da FCA Fiat Chrysler.
O novo motor flex tem bloco de alumínio e aos poucos vai aposentando o 1.0 Fire, ainda presente em outras opções do compacto.
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Volkswagen Up! (à esq.), Fiat Mobi (centro) e Chevrolet Onix Joy |
Contudo, a evolução mecânica não é acompanhada pelo resto do carro. O Mobi oferece pouco espaço interno e dificuldade para achar uma boa posição ao volante.
Na Volks, os esforços são para fazer o Up! decolar em vendas. O primeiro retoque visual chega agora ao Brasil, com mudanças em para-choques, faróis e lanternas.
"Deixamos o desenho menos sorridente e mais esportivo", diz Guilherme Knop, supervisor de design da VW. As alterações se limitam à estética: o motor 1.0 das versões mais em conta (sem turbo) mantém os 80 cv.
Em busca de um carro mais racional para o uso urbano, o médico Alberto Facury Gaspar, 35, vendeu uma minivan Kia Carens e comprou o Up!.
"Resolvi trocar devido à economia em geral, além de ser mais fácil para dirigir na cidade", diz Gaspar. Ele tem outra minivan da Kia, a Carnival (oito lugares), que só é usada nos finais de semana ou em viagens em família –o médico tem quatro filhos.
A versão atual do compacto Volkswagen custa a partir de R$ 38 mil, mas não traz ar-condicionado nem direção com assistência elétrica. Com esses itens –que vem de série no Mobi e no Onix–, o preço sobe para R$ 43.240.
O Up! supera o Fiat em espaço e é o mais agradável de dirigir entre os carros avaliados. Contudo, o modelo Chevrolet oferece acomodação melhor no banco traseiro.
A opção Joy mantém a "cara" do modelo 2013, enquanto outras versões foram modernizadas. Não há ajuste de altura do assento nem do volante, economias para manter o preço em R$ 41,7 mil.
Por ser o projeto mais antigo entre os carros avaliados, o Onix tem na segurança seu ponto fraco. O teste recente realizado pelo Latin NCAP (organização que avalia os veículos por meio de testes de impacto) deu nota zero ao compacto devido à baixa resistência em colisões laterais.
O Up! obteve o melhor resultado da categoria nesse "crash test", com cinco estrelas, o máximo possível. O Mobi não foi avaliado.
Após uma semana de testes, percebe-se que o projeto atual faz do Volkswagen o melhor entre os populares.
O Onix tem a vantagem de ser o mais vendido do país, o que é garantia de bom valor de revenda. Na Fiat, há uma novidade a caminho: o compacto Argo, que estreia na próxima semana.
O segmento continua em evolução, e ainda há muitos quilômetros pela frente até que a indústria consiga produzir carros que custem pouco e não poluam nada.
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