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Itens desejados para o carro, como DVD, acabam deixados de lado

Uma pesquisa feita em 2017 pela Bosch mostrou quais são os equipamentos opcionais preferidos dos motoristas brasileiros. Entre os entrevistados, 12% afirmaram fazer questão de colocar um sistema de som com leitor de DVD em seus carros.

O analista financeiro Pedro Campos, 24, tinha o mesmo pensamento, mas se arrependeu. "Caí na tentação de colocar uma central multimídia mais moderna no meu Ford Fiesta, que comprei zero-quilômetro em 2014."

Avener Prado/Folhapress
O analista financeiro Pedro Campos, 24, no seu Ford Fiesta, na zona oeste de SP

O equipamento instalado no carro de Campos custou R$ 2.800 e, além do DVD, tem TV digital e navegador GPS. Ele afirma que raramente utiliza algum desses itens.

"Cheguei a usar o GPS algumas vezes, mas, como a conexão é lenta e há necessidade de fazer atualizações periódicas, acabei deixando de lado. Não assisto a filmes ou TV no carro, a recepção do sinal é ruim em vários canais", diz o analista financeiro.

O bacharel em direito Eduardo Arbex, 24, vive situação semelhante com seu Volkswagen Tiguan. "Paguei cerca de R$ 10 mil pelo pacote de opcionais, que incluía assistente de estacionamento e central multimídia completa. Na prática, só utilizo o rádio e o bluetooth."

Segundo Arbex, a lábia do vendedor foi determinante para que aceitasse gastar dinheiro com os recursos extras. "Minha mãe e eu vimos a demonstração do Park Assist [sistema de auxílio em manobras da Volkswagen] durante o test drive e ficamos impressionados, mas nunca usei para estacionar."

A consultora automotiva Catia Tappi, 41, orienta o consumidor a praticar o desapego e agir com a razão no momento de negociar a compra de um novo automóvel.

"O consumidor precisa pensar se aquele item vai ser realmente útil. Faz sentido adquirir uma central multimídia com display colorido e GPS se o motorista utiliza o navegador do celular? Será que apenas um rádio com bluetooth não está de bom tamanho?", diz a consultora.

Para Tappi, acessórios como bancos de couro, rodas de liga leve, mídias com DVD e TV, teto solar ou até mesmo itens decorativos, como saias laterais e ponteiras de escapamento, entram na lista dos recursos dispensáveis. "Atualmente, compensa mais investir em um volante que tenha comandos do sistema de som e de telefonia."

TENTAÇÃO

Mas nem sempre é fácil se livrar da tentação de um acessório. "Mandei instalar câmera de ré no meu carro, mas sempre me esqueço de olhar para ela ao manobrar. Por sorte, não paguei caro, cerca de R$ 250", diz Tappi.

Esse tipo de equipamento é o preferido dos motoristas, segundo pesquisa da Bosch: 17% afirmaram fazer questão de ter a câmera no carro, seguida pelo sensor sonoro de estacionamento, mencionado por 16% dos entrevistados.

Carro mais vendido do país, o Chevrolet Onix é um modelo que pode ficar bem sem opcionais. O hatch compacto parte de R$ 47,6 mil na versão LT, que já traz sistema de som com bluetooth e entrada USB. Por mais R$ 1.400, há um pacote opcional que inclui o sistema MyLink, com tela sensível ao toque de sete polegadas e volante com teclas para comandar o som.

"O rádio que veio como item de série é suficiente para mim", afirma a psicóloga Juliana Alves, 29, que recusou o item adicional ao fechar o negócio, há dois meses.

Pedro Campos pretende se desfazer dos opcionais. "Quero vender a central multimídia do meu Ford Fiesta e comprar uma outra mais simples e atual, com recursos que vou utilizar com frequência."

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REDUÇÃO DE DESPESAS
Itens que encarecem um carro zero-quilômetro e podem ser dispensados

Hyundai HB20 1.0 Comfort

Parte de R$ 43.660 e traz rádio AM/FM com entrada auxiliar, leitor USB, Bluetooth e comandos de áudio e telefonia no volante.

Por R$ 1.550, adiciona central multimídia com tela sensível ao toque de sete polegadas, reprodutor de fotos e vídeos e espelhamento de smartphones. Não há câmera de ré e GPS.

Vale o gasto? Só compensa se o cliente fizer questão de operar o telefone por meio do sistema de som. Por questão de segurança, os vídeos só são transmitidos com o carro parado

Volkswagen Polo 1.0 TSI Highline

A versão mais cara do hatch com motor turbo vem com rodas de 16 polegadas.

Quem quiser o conjunto aro 17 terá de pagar R$ 1.200 a mais

Vale o gasto? Não. Além de as rodas menores já serem de liga leve, as maiores deixam o carro menos confortável no uso cotidiano e o custo dos pneus em caso de reposição será mais alto

Jeep Renegade 1.8 Sport

Parte de R$ 91,5 mil na versão com câmbio automático e já vem bem equipado, mas há vários pacotes de opcionais oferecidos pela marca.

Um desses traz o estribo lateral, que funciona como um degrau para facilitar o acesso a cabine. Custa R$ 2.336 e vem junto com as barras no teto para instalação do rack

Vale o gasto? Não, o estribo não é necessário em um carro que, apesar do visual fora-de-estrada, não tem cabine alta a ponto de dificultar o acesso. Para quem não precisa carregar bagagens no teto, as barras serão apenas um enfeite

Fiat Argo Drive

A versão 1.0 (77 cv) do compacto Fiat é encontrada nas concessionárias por R$ 44 mil, valor promocional praticado desde o fim de 2017 (R$ 3 mil abaixo da tabela).

Quem quiser mais potência, terá de partir para a opção 1.3 (109 cv), que acrescenta também um sistema de som com tela maior, mas custa R$ 55 mil

Vale o gasto? Apesar do upgrade no sistema de som, pagar R$ 11 mil extras para ter um motor mais potente não é um bom negócio para um carro de apelo popular e uso urbano

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