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Carro da BMW que roda por si próprio desafia arrogância do motorista

O cérebro demora a entender que dá para soltar a direção por alguns segundos, porque o carro se mantém na pista. Estou ao volante de um BMW 750iL, um carro que custa R$ 760 mil.

O teste ocorre em São Paulo e, admito, acabo infringindo uma regra de trânsito. Pela legislação brasileira, o piloto precisa permanecer todo o tempo com as mãos na direção.

Divulgação
Sedã BMW 750iL, que é vendido no mercado nacional por R$ 760 mil
Sedã BMW 750iL, que é vendido no mercado nacional por R$ 760 mil

O BMW consegue seguir o carro que vai à frente mantendo uma distância segura. Acelera e freia como se o motorista da rainha estivesse ao volante, enquanto sensores leem as faixas no asfalto e mantém o sedã alinhado no centro da pista.

Entro na avenida 23 de Maio (zona sul) em um horário de pouco movimento e posiciono o carro atrás de um táxi, que roda devagar. Aciono o sistema semiautônomo e recolho pés e braços. O sedã começa a seguir o veículo adiante, enquanto tento domar o impulso de segurar o volante.

Em dez segundos, uma luz se acende no painel e a sineta começa a tocar. O BMW pede gentilmente para que eu retome o controle, embora continue atuando em silêncio para evitar barbeiragens.

O equipamento se enquadra no nível 2 de automação, desenvolvido para aumentar a segurança. A lógica é a seguinte: se o motorista se distrair, o sistema evita que o carro acerte o veículo que vai adiante ou saia de sua faixa de rolagem.

Para fazer isso, precisa ter algum nível de autonomia. Imagine alguém ao volante de um carro com duas crianças brigando no banco traseiro. Os pais olham seguidamente para trás e se desconcentram, tiram os olhos da estrada. O querubim eletrônico está ali para livrá-los do mal.

Após a curta experiência "hands free", mantenho as mãos na direção e tento de propósito trocar de faixa sem usar o comando de seta. O BMW resiste, o volante treme. Faz o que pode para mostrar a barbeiragem em curso.

Tanta tecnologia não está imune aos problemas das vias. Faixas mal pintadas no asfalto não são reconhecidas pelos sensores, e o carro fica sem referência. É preciso manter a atenção o tempo todo.

A tecnologia aplicada no 750Li é justificada não só pelo preço, mas também pelas dimensões do carro. O sedã mais luxuoso da marca alemã tem mais de cinco metros de comprimento e pesa duas toneladas. Apesar disso, é rápido como um esportivo.

Os bancos de couro são macios e climatizados -podem aquecer os resfriar as costas dos ocupantes. Há também massageadores embutidos. Um convite ao sono, que é mais um ponto a justificar tanta tecnologia em prol da segurança.

Depois de alguns quilômetros, os tremeliques e avisos sonoros começam a irritar. Dá vontade de desligar tudo e ser dono do próprio destino, mas é pura arrogância humana.

O carro só está querendo mostrar o quanto aquela pequena distração com os comandos do rádio ou a olhadela para a tela do celular colocam nossas vidas em risco.

*

BMW 750iL
Preço R$ 760 mil
Motor dianteiro, transversal, gasolina, V8, 4.395 cm³
Potência 450 cv a 5.500 rpm
Torque 15,3 kgfm (e/g) a 4.800 rpm
Transmissão tração traseira, câmbio automático com oito marchas
Peso 1.990 quilos
Porta-malas 515 litros
Pneus 245/45 R20
Comprimento 4,24 metros
Entre-eixos 3,21 metros
Largura 1,90 metro
Altura 1,48 metro

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