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22/10/2012 - 03h30

Projetos financiados colaborativamente enfrentam pressão do público

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ANITA PATIL
DO "NEW YORK TIMES"

A internet tornou fácil dominar a sabedoria das multidões. Existe um constante "feedback" e um público ávido para falar, se envolver e julgar. Mas o que acontece quando o público se torna incômodo? Ou é aliciado pelo mercado? Ele ainda tem sabedoria para distribuir?

Os sites de "crowdfunding" [financiamento coletivo] permitem que pessoas criativas se conectem ao público para levantar dinheiro para projetos. Quase US$ 300 milhões em promessas foram feitas no site Kickstarter, relatou o "Times", mas, para os criadores de projetos, às vezes conseguir dinheiro é a parte mais fácil.

David Goldman /The New York Times
Os estudantes que desenvolvem o Diaspora (da esq. para dir.) Ilya Zhitomirskiy, Daniel Grippi, Maxwell Salzberg e Raphael Sofaer
Os estudantes que desenvolvem o Diaspora (da esq. para dir.) Ilya Zhitomirskiy, Daniel Grippi, Maxwell Salzberg e Raphael Sofaer

Com uma multidão exigente monitorando o progresso, há uma pressão arrasadora para produzir. Um estudo da Escola Wharton da Universidade da Pensilvânia revelou que 75% dos projetos relacionados a design e tecnologia no Kickstarter deixaram de cumprir seus prazos.

A equipe por trás da Diaspora, que esperava construir uma alternativa aberta ao Facebook, levantou US$ 200 mil de cerca de 6.500 pessoas, mas depois de três anos decidiu começar outro empreendimento. Max Salzberg, que fez parte da equipe, disse que todos ficaram tão ocupados respondendo e-mails e fazendo camisetas para seus contribuintes que houve pouco tempo para construir o software.

"Nós ficamos atados em manter um relacionamento com muitas pessoas", disse Salzberg ao "Times".

Yancey Strickler, um fundador do Kickstarter, disse que quando um produto atinge uma certa escala "espera-se que uma pessoa seja uma empresa".

O público também está se tornando corporativo. Durante a NY Fashion Week, no outono americano, blogueiros e estudantes interessados por moda desfilaram nas calçadas exibindo sua mistura de roupas criativas. Mas agora, enquanto muitos deles se tornam ícones na web, seu estilo de rua foi "infiltrado por ondas de marqueteiros, consultores de marca e gurus das relações públicas, todos decididos a convencer aquelas mulheres a vestir seus produtos", escreveu Ruth La Ferla no "Times".

Os blogueiros transformados em estrelas recebem, emprestadas ou de presente, roupas de estilistas e são pagos para atuar como outdoors para marcas de moda. "As pessoas ainda pensam que o estilo da rua é uma voz de pureza", disse ao "Times" Christene Barberich, do site Refinery29. "Mas eu não penso que exista mais pureza hoje."

O marketing cidadão é levado a um novo extremo enquanto sites de compras na mídia social pagam aos compradores que publicam links para produtos que atraem tráfego na web e vendas para os comerciantes. Tuítes, postagens no Facebook ou imagens no Pinterest podem se tornar promoções pagas. Julie Medeiros ganha US$ 50 por mês postando produtos de que ela gosta no Pinterest ou no site de compras Beso, que paga US$ 0,14 por clique que os usuários mandam para os comerciantes participantes.

"É recompensador poder ganhar alguns centavos ao compartilhar sua vida pessoal", disse ao "Times".

Mas alguns podem se sentir obrigados a compartilhar. A ideia de um escritor isolado como uma ilha está desaparecendo enquanto se espera que os escritores se abram e se tornem empresários e marqueteiros. O escritor brasileiro Paulo Coelho incentiva o "feedback" no Twitter e no Facebook. "A torre de marfim não existe mais", ele disse ao "Times". "Se o leitor não gostar de uma coisa, ele lhe dirá. Ele ou ela não estão isolados."

Enquanto o público estiver sempre ligado, ninguém estará. Isso pode ser cansativo. Como disse Salzberg ao "Times", "tornar-se viral foi paralisante. Foi um inferno".

 

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