Relógio inteligente Pebble é supérfluo, mas tem potencial
O celular vibra.
Pode ser uma mensagem urgente de alguém da família pedindo ajuda. Pode ser um WhatsApp da sua paquera.
Mas também pode ser a sua operadora tentando vender um pacote de piadas via SMS por R$ 9,90 mensais. Pode ser o ex-namorado da sua prima convidando-o a fazer parte da rede dele no LinkedIn.
Só dá para saber se o aviso é importante ou não depois de tirar o celular do bolso ou da bolsa, ligar a tela e, por fim, digitar a senha.
Marcelo Justo/Folhapress | ||
Pebble, uma dos ícones do site Kickstarter, já começou a chegar aos consumidores |
O relógio inteligente Pebble, que se conecta ao iPhone e a smartphones com Android, torna muito mais rápido decidir se uma mensagem requer ação imediata ou se a vida pode seguir normalmente.
Com design discreto, o Pebble vibra no pulso quando chega uma notificação, que surge em sua telinha em preto e branco.
Há quatro botões, sem texto ou ícone nenhum explicando o que fazem. A posição e o formato, porém, permitem deduzir rapidamente a função de cada um deles. Depois disso, é fácil operar o relógio.
O Pebble promete bateria com duração de sete dias, o que se confirmou na vida real.
No Android, o aplicativo oficial do relógio centraliza quase toda a operação.
Já no iPhone, a configuração é um pouco mais chata. É preciso ir às opções gerais do sistema e ativar as notificações de cada um dos apps.
Nos testes da Folha, o relógio funcionou bem na maior parte do tempo.
Houve algumas poucas vezes em que as notificações atrasaram, o que é especialmente bizarro quando se trata de uma ligação telefônica --enquanto o celular já mostrava a chamada perdida, o Pebble vibrava mostrando o nome da pessoa que havia ligado minutos atrás.
É LUXO SÓ
A impressão final é que o Pebble é essencialmente supérfluo: ele facilita coisas que já eram fáceis. É um luxo.
Isso fica claro em um trecho do vídeo oficial da campanha no Kickstarter: enquanto um rapaz lava a louça, o telefone toca. Ele olha para seu Pebble para ver quem é, conclui que deve atender e lava as mãos.
Durante os testes, eu cortava um tomate quando recebi uma ligação. Olhei para o relógio, decidi ignorar a chamada e prossegui com as minhas atividades.
Se eu não estivesse com o Pebble, teria que parar o que estava fazendo para pegar o celular. Perderia 15 segundos, mas o tomate continuaria ali, esperando que eu voltasse para terminar de cortá-lo.
Vale a pena pagar cerca de R$ 300 por pequenas conveniências como essas?
Talvez o preço se justifique em breve: o Pebble lançou nesta sexta-feira o kit que permite o desenvolvimento de aplicativos --um app de chave de segurança de banco, por exemplo, seria bem útil.
As possibilidades de software são imensas, desde que não exijam coisas como tela colorida, microfone e câmera frontal para videochamadas, que só poderão existir em uma próxima versão do relógio.
Ou no mítico iWatch, que, se realmente estiver sendo desenvolvido pela Apple, provavelmente fará o Pebble parecer tecnologia da União Soviética.
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