Alunos usam aplicativo para xingar quem está nas proximidades
Durante um breve recesso em um curso para estudantes da Universidade Eastern Michigan, no fim do ano passado, uma assistente de ensino abordou as três professoras que cuidavam do curso. "Acho que vocês precisam ver isso", ela disse, tocando no ícone de um iaque (um bovino) peludo em seu iPhone.
Ela começou a mover a tela do app. Enquanto as professoras lecionavam sobre cultura pós-apocalíptica, alguns dos cerca de 230 alunos de primeiro ano que ocupavam o auditório estavam mantendo conversa paralela sobre elas em uma rede social chamada Yik Yak.
Havia dezenas de posts, muitos empregando termos rudes e vocabulário e descrições sexualmente explícitos.
"Fui difamada, minha reputação foi maculada. Fui vítima de assédio sexual e de abusos verbais", escreveu Margaret Crouch, uma das professoras, ao sindicato que a representa. "Estou a ponto de contratar um advogado."
No fim, os esforços de Crouch não deram grande resultado por um motivo simples: o Yik Yak é anônimo. Não havia como a universidade determinar quem era responsável pelas mensagens.
A Eastern Michigan é uma das diversas universidades cujos campi foram abalados por "yaks" ofensivos. Desde que o app foi lançado, há pouco mais de um ano, ele foi usado para difundir ameaças de violência em massa nesses locais. Mensagens racistas, homofóbicas e misóginas geraram controvérsia em outras instituições.
PROXIMIDADE
Como o Facebook ou o Twitter, o Yik Yak é uma rede social, mas sem perfis de usuários. O serviço não divide as mensagens de acordo com amigoss, mas sim por localização geográfica.
Apenas mensagens postadas em um raio de 2,5 km aparecem na tela do usuário. Ele serve como uma espécie de quadro de avisos comunitário –mais precisamente, uma porta de banheiro virtual.
O app foi criado no final de 2013 por Tyler Droll e Brooks Buffington, que haviam se formado pouco tempo antes pela Universidade Furman, na Carolina do Sul.
Raymond McCrea Jones/The New York Times | ||
Brooks Buffington (à esq.) e Tyler Droll, que desenvolveram o aplicativo Yik Yak em 2013 |
Em novembro, o Yik Yak recebeu US$ 62 milhões de investimento do fundo Sequoia, um dos mais importantes do Vale do Silício.
Em resposta às queixas, os criadores promoveram mudanças, como a adição de filtros para impedir que nomes completos sejam postados.
Algumas palavras-chave, como "judeu" ou "bomba", resultam na seguinte resposta: "Aperte os freios: esse yak [mensagem] pode conter linguagem ameaçadora".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
Livraria da Folha
- Coleção "Cinema Policial" reúne quatro filmes de grandes diretores
- Sociólogo discute transformações do século 21 em "A Era do Imprevisto"
- Livro de escritora russa compila contos de fada assustadores; leia trecho
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade