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30/09/2011 - 08h24

Vale do Silício continua a bombar, mas bolha gera preocupação

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CLAIRE CAIN MILLER
DO "NEW YORK TIMES", EM MENLO PARK (CALIFÓRNIA)

O centro do universo tecnológico vive numa bolha do tempo, e a época por aqui ainda é de abundância e prosperidade.

O pessoal de tecnologia na faixa de 20 a 40 anos ainda paga mais de US$ 1 milhão por casas modestas em Palo Alto, no vale do Silício, e em San Francisco. Há empregos bem remunerados de sobra, pelo menos para engenheiros de software. E, para qualquer um que tenha uma ideia decente para uma nova empresa, é fácil arrumar US$ 100 mil para fazê-la decolar.

Mas, a despeito dessa exibição de otimismo, velhos temores têm se infiltrado, mesmo antes das recentes atribulações de Wall Street, evocando as lembranças do estouro da bolha ponto-com.

Agora, a preocupação é de que toda a agitação em Wall Street irá se propagar para o oeste. Mas o otimismo essencial deste lugar ainda prevalece.

Jim Wilson/The New York Times
Kieran Farr, criador da VidCaster, serviço de vídeos on-line para websites
Kieran Farr, criador da VidCaster, serviço de vídeos on-line para websites

"No vale do Silício, somos, como espécie, extremamente otimistas", diz Lise Buyer, cuja empresa, a Class V Group, presta consultoria para ofertas públicas iniciais. Mas, ressaltou ela, "ninguém que seja racional jamais iria fundar uma companhia".

O dinheiro novo existente aqui quer continuar investindo --e acreditando. Apoiar mais uma "start-up" é um símbolo de status. Os engenheiros acreditam que este é o momento certo para criar os futuros Groupons ou Facebooks, ou mais um aplicativo social local para celulares.

"Não é que eles não vejam os sinais de alerta", diz Adeo Ressi, "coach" de empreendedores. "É como uma roleta."

Os otimistas observam que o montante investido não chega nem perto do que era em 2000, e que desta vez as empresas em geral são rentáveis e maduras. Os pessimistas dizem que, sim, uma bolha está inflando, mas esperam ter a inteligência e a sorte para pularem fora antes de estourar.

Só no segundo trimestre deste ano, 22 empresas de tecnologia abriram seu capital, num valor total de US$ 5,5 bilhões, o maior desde 2000, segundo a Associação Nacional do Capital de Risco. Em 2008, só seis haviam aberto seu capital em bolsa de valores.

As avaliações das "start-ups", enquanto isso, desafiam as leis da gravidade. Quase mil delas levantaram US$ 7,5 bilhões junto a investidores no segundo trimestre, um aumento de 19% em relação ao trimestre anterior, e de 61% sobre o mesmo período do ano de 2009.

Jim Wilson/The New York Times
Convidados se divertem em festa da "start-up" Airbnb, em San Francisco
Convidados se divertem em festa da "start-up" Airbnb, em San Francisco

Em junho, centenas de aspirantes a empresários passaram pelo Founder Showcase ("vitrine do fundador"), em San Francisco, um evento realizado trimestralmente por Ressi. Dez felizardos escolhidos previamente apresentaram suas "start-ups" a um painel de cinco juízes investidores, enquanto o público assistia e votava nos favoritos pelo celular.

Um desses dez foi Kieran Farr, que apresentou o VidCaster, serviço que ajuda sites a agregarem vídeos.

"Que tal a margem bruta do negócio?", perguntou George Zachary, da Charles River Ventures.

"O que significa isso?", disse Farr.

"Isso é um problema."

Na Off the Grid, do ramo alimentício, não há sinais óbvios de riqueza. "Ninguém quer ostentar", disse um executivo vestindo uma camiseta comum.

Engenheiros com menos de 30 anos têm comprado à vista casas de US$ 1,5 milhão. Em Palo Alto, o preço mediano dos imóveis saltou 49% em seis meses, chegando a US$ 1,2 milhão. O investidor russo Yuri Milner, que já despejou centenas de milhões de dólares no Facebook, na Zynga e no Twitter, recentemente pagou US$ 100 milhões por um castelo.

Mas quem esbanja mesmo por aqui é o investidor "anjo", que coloca US$ 25 mil ou US$ 100 mil na "start-up" de um amigo só para manter o ciclo em movimento.

Jim Wilson/The New York Times
Aye Moah e seu namorado e parceiro de negócios, Alexander Moore, criadores da "start-up" Baydin
Aye Moah e seu namorado e parceiro de negócios, Alexander Moore, criadores da "start-up" Baydin

Numa cobertura nos morros da zona sul de San Francisco, uma festa celebrava a Airbnb, um serviço on-line para pessoas que desejam alugar quartos das suas casas para estudantes.

Ela havia acabado de se juntar a Spotify, Square e Gilt como "start-ups" avaliadas em pelo menos US$ 1 bilhão pelos investidores; sua nova sede é compatível com uma empresa com US$ 112 milhões em capital novo.

Outra festa homenageava o Foursquare, serviço com sede em Nova York que avisa usuários da internet sobre a localização de seus amigos.

Os convidados pareciam ocupados principalmente em fazer seu "check-in" na festa pelo Foursquare ou em postar a respeito dela no Twitter.

Dennis Crowley, um dos fundadores do Foursquare, criou em 2004 o Dodgeball, um serviço de "check-in". O Google o comprou por alguns milhões de dólares e depois o desativou. Ele zombou das comparações com 1999. "Há muito mais gente na internet", disse ele. "Minha avó sabe fazer compras na Amazon."

E acrescentou: "Existe dinheiro de verdade a ser ganho".

Mas no dia seguinte Alexander Moore, que viajara ao vale para arrecadar capital para a sua "start-up" de correio eletrônico, a Baydin, foi a um evento sobre "saídas rápidas", onde executivos de grandes empresas de tecnologia ensinavam os jovens empreendedores a venderem suas "start-ups", com agilidade. Só por via das dúvidas.

Colaboração de MIGUEL HELFT

 

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