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22/01/2012 - 03h00

Internet e lazer devem guiar consumo dos novos velhos

LEONARDO RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O mercado de lazer deverá ser o segmento mais procurado no futuro por consumidores brasileiros acima de 60 anos, em detrimento do de bens duráveis tradicionais, como eletrodomésticos, imóveis e automóveis.

A opinião é unânime entre seis especialistas ouvidos pela Folha, entre economistas, administradores e consultores em tendências de consumo e varejo no Brasil.

Segundo eles, esse é um público cada vez mais ativo, crítico e financeiramente independente. Além disso, o idoso hoje vive mais, goza de mais saúde e, por isso, dispõe de tempo extra para gastar consigo mesmo.

Para Claudio Felisoni, presidente do Provar (Programa de Administração de Varejo) --instituto que realiza consultorias e pesquisas de mercado--, o aumento na procura por lazer é ainda mais acentuado entre os idosos da classes C, a parte da pirâmide social que mais cresce no país.

"À medida que as pessoas passam a viver mais e a ter uma renda um pouco maior, a demanda por itens de necessidade básica e por bens duráveis vai sendo substituída", ressalta Felisoni.

A inclinação pela diversão também aparece no mais recente levantamento da QuorumBrasil, que, em 2008, ouviu 200 paulistanos entre 65 e 75 anos, de diferentes faixas de renda. De acordo com a empresa especializada em números de mercado, os gastos com entretenimento estão à frente de outras despesas importantes, como as de moradia e de transporte.

"Com um pouco mais de renda, o idoso fica menos escravizado dentro de casa. Ele se alimenta fora, vai ao cinema, a restaurantes. Fica mais ativo de forma geral", destaca o economista André Braz, da FGV (Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro.

MEIOS DIGITAIS

Outro ponto em comum na opinião dos especialistas consultados é a afirmação de que a internet e os novos meios digitais serão grandes aliados dos novos idosos quando forem às compras. Seja por meio de computadores tradicionais ou pelo uso de smartphones e tablets.

O usuário de leitores portáteis com mais de 55 anos, por sinal, quase dobrou nos Estados Unidos no período de 2010 a 2011, segundo a Nielsen, um dos maiores institutos de pesquisa do mundo. E a expectativa é que isso também ocorra por aqui.

"Cerca de 30% dos e-consumidores têm entre 35 e 49 anos de idade. Daqui a 20 anos eles estarão muito mais habituados à internet e aos meios digitais do que os idosos de hoje, e deverão consumir mais", diz Cris Rother, diretora da e-bit, empresa especializada em informações de comércio eletrônico.

Números da última Pnad (Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios) sinalizam essa projeção. A pesquisa mostra que a faixa etária entre 50 e 59 anos é a que mais cresce na internet brasileira, com 40,4% de avanço entre 2008 e 2009. Quase o dobro da média geral para todas as idades, de 21,5%.

MERCADO INCIPIENTE

Desenvolver produtos e serviços que atendam as necessidades de consumidores cada vez mais velhos e exigentes ainda é um desafio para as empresas no Brasil.

Hoje, o mercado já dispõe de opções para esse público. De roupas a cosméticos, passando por planos de saúde, serviços bancários, telefones e até imóveis adaptados.

Mesmo assim, para especialistas, o momento é mais de adequação. O número de negócios que de fato entende os anseios desse nicho ainda seria pequeno. E as estrelas, as agências de turismo.

"Pelo crescimento no número de pessoas ativas nessa faixa etária, a oferta atual de produtos e serviços é insuficiente. Basta ver como as campanhas publicitárias ainda exploram a imagem dos jovens", entende a administradora Sandra Regina da Luz, da DS Consultoria Empresarial e Educacional.

Para o economista da FGV Marcelo Neri, as empresas que apostarem na faixa etária acima dos 60 anos logo terão um forte diferencial competitivo. "Os idosos de hoje já compõem um grupo extremamente atrativo às marcas, com dinheiro no bolso e crédito disponível", afirma.

LEONARDO RODRIGUES participou da 52ª turma do programa de treinamento em jornalismo diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil, pela Odebrecht e pela Syngenta.

Editoria de Arte/Folhapress

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