Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
06/09/2012 - 04h33

Toledo se torna mais especial ao cair da noite

PEDRO CARRILHO
ENVIADO ESPECIAL À ESPANHA

Aos pés da torre da catedral iluminada, um músico de rua desliza seus dedos treinados pelo braço sem trastes de um sarod. O instrumento é indiano, mas a escala em tons orientais não parece tão deslocada, preenchendo as estreitas ladeiras de Toledo, com suas igrejas, mesquitas e sinagogas, com o exotismo de outros tempos.

Editoria de Arte/Folhapress

Por mais de três séculos, Toledo foi a capital de um reino árabe independente (uma taifa). Logo depois de reconquistada, no final do século 11, passou a ser a sede da Igreja Católica na Espanha.

Comida também é saborosa em outras regiões da Espanha
Turismo é estratégico para país driblar a crise
Construções medievais são chamariz de Castela-León

Mesmo assim, as diferentes crenças conseguiram coexistir até 1492, quando a conversão forçada, e finalmente a expulsão de judeus e muçulmanos, mudou radicalmente a demografia da cidade. Toledo, que chegou a ser cotada para ser a capital da Espanha, entrou em declínio.

Num promontório banhado por uma grande curva do rio Tejo, a "cidade das três culturas", como é conhecida, é patrimônio da Unesco desde 1986 (e o destino mais óbvio nos arredores de Madri). É normalmente visitada por caravanas de turistas que lotam as estreitas ruas durante o dia antes de retornarem para seus hotéis na capital.

Para os mais dedicados, e com uma dose de planejamento, é certamente possível visitar as principais atrações de Toledo em apenas um dia.

É quando a noite cai, no entanto, que Toledo se torna um lugar ainda mais especial. Com suas vielas vazias e silenciosas e seus principais monumentos iluminados, a atmosfera da cidade fica bem mais fácil de ser apreciada.

Seu ponto central, a plaza de Zocodover, é mais uma praça espanhola a ter no currículo tribunais e execuções da Inquisição e touradas. Ali perto, numa construção do século 16, fica o gratuito museu de Santa Cruz, com destaque para telas de El Greco (1541-1614). Outros locais onde é possível ver obras do artista, que viveu em Toledo por quase 40 anos, são a igreja de São Tomé e o mosteiro de Santo Domingo El Antiguo.

Do alto das torres da igreja de São Ildefonso, tem-se um dos melhores panoramas da cidade. Destacam-se a catedral, em estilo preponderantemente gótico, e a Alcázar, originalmente uma fortaleza moura reconstruída depois da reconquista. Hoje abriga um museu militar.

Fundado estrategicamente por Isabel e Fernando no meio da Judería, o antigo bairro judaico, o mosteiro de San Juan de los Reyes exibe correntes de cristãos libertos em Granada e brasões do casal mais famoso da história espanhola em seus claustros.

Toledo chegou a ter 11 sinagogas antes da expulsão. A principal remanescente, a Sinagoga del Transito, restaurada, abriga hoje o museu Sefardi.

Lydia Megumi/Editoria de Arte

Para completar a peregrinação pelos templos das três diferentes religiões, vale uma visita à mesquita do Cristo da Luz, que, como tantas outras, foi convertida em igreja.

Não deixe de visitar a romana ponte de Alcântara e os mirantes nas escarpas do outro lado do Tejo antes de seguir viagem em meio à paisagem manchega, dona de infindáveis campos de trigo e pontuada por árvores, vinhedos e castelos em ruínas até a cidade de Consuegra.

A atração aqui é o conjunto de moinhos de vento, famosos "inimigos" de dom Quixote. Apesar de não serem citados na obra-prima de Miguel de Cervantes, os moinhos de Consuegra são os mais visitados da Espanha.

Já na região leste de Castela-La Mancha, a altitude sobe, a temperatura cai e o verde toma conta da paisagem. Aqui fica Cuenca, que preserva o centro e as "casas colgadas", casarões do século 16 pendurados no penhasco.

Cuenca abriga um número desproporcional de museus e galerias de arte. No extremo norte da comunidade, em meio a campos de girassóis, Sigüenza é outra cidade histórica. Ostenta um castelo (hoje, um parador), e uma catedral cuja torre é marcada por disparos da Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página