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10/12/2012 - 07h02

Abrigo de gatos atrai turistas em Roma

ELISABETTA POVOLEDO
DO "NEW YORK TIMES"

Os gatos vagam pelas ruas de Roma desde a antiguidade e, recentemente, encontraram refúgio em uma associação que cuidou de milhares de felinos sem dono ao longo dos anos entre as ruínas do local onde Brutus teria esfaqueado Júlio César, em 44 a.C..

O abrigo, em um espaço subterrâneo vizinho a um valioso sítio arqueológico, consiste em várias salas iluminadas e forradas de gaiolas, que contêm dezenas de gatos de rua, e ganhou fama como atração turística.

O local tem capacidade para até 180 gatos e fica perto da área sacra do largo Argentina, onde há ruínas de templos da era republicana. O abrigo está localizado sobre os restos do pódio do que os arqueólogos identificam como uma estrutura do século 2 a.C..

Mas, depois de algumas décadas de ocupação tolerada, senão autorizada, os arqueólogos do Estado italiano disseram que a associação tem de deixar o lugar, porque a ocupação ilegal poderia danificar algum monumento. O que se seguiu foi uma luta que revelou um choque profundo entre a tradição e a lei.

A batalha opôs as autoridades de preservação, que lutam para fazer os italianos obedecerem às leis que protegem seu patrimônio, e cuidadores de gatos engajados, conhecidos como "gattare".

Filippo Monteforte/AFP
Gatos descansam no abrigo subterrâneo localizado próximo ao largo Argentina, em Roma
Gatos no abrigo subterrâneo localizado próximo ao largo Argentina, em Roma

No meio da briga estão os gatos, antigos habitantes de Roma, que foram declarados "parte do patrimônio biocultural da cidade", notou Monica Cirinnà, uma legisladora local do Partido Democrático que criou um departamento de defesa dos direitos dos animais.

Roma tem inúmeras colônias de gatos, geralmente cuidadas por "gattare" de bairros.

Também há associações de voluntários para grandes colônias de gatos selvagens, algumas localizadas em sítios arqueológicos como a Pirâmide de Cestius, do século 1° a.C., e o Mercado de Trajano, que possuem autorização oficial.

O abrigo próximo ao largo Argentina não tem essa autorização, segundo as autoridades arqueológicas, que estão tentando fechá-lo dois anos depois de ele ter cometido o erro, aparentemente fatal, de pedir uma autorização para instalar um banheiro.

Filippo Monteforte/AFP
Gato de rua descansa na área sacra do largo Argentina, na capital italiana
Gato de rua descansa na área sacra do largo Argentina, na capital italiana

"As senhoras dos gatos estão ocupando um dos mais importantes sítios no largo Argentina. Isso é incompatível com a preservação do monumento", disse Fedora Filippi, uma arqueóloga do Ministério da Cultura.

A menos que se encontre uma alternativa em breve, a associação de gatos será despejada.

Umberto Broccoli, o superintendente de Cultura de Roma, admitiu que a situação é delicada. "Os gatos de Roma são por definição tão antigos quanto as colunas de mármore em que eles se deitam", disse. Mas os gatos têm seus próprios hábitos.

"Eles não leem placas com proibições", disse Broccoli. "Eles vão voltar para o largo Argentina, com ou sem o abrigo."

 

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