No Caribe, Sint Maarten/Saint Martin mescla Holanda e França
Diz uma lenda local que, para definir a fronteira entre os dois lados da ilha, franceses e holandeses fizeram um desafio. Começou com um francês bebendo vinho e um holandês, gim. Quando ambos estavam embriagados, partiram a pé em direções opostas. O ponto em que eles se encontrassem definiria o limite entre os dois territórios. Como o holandês parou em algum momento para descansar por causa dos efeitos da bebida, o francês foi mais eficiente e garantiu um pedaço maior de terra para seu país.
Mesmo que a lengalenga não seja comprovada historicamente, a verdade é que viajar para Sint Maarten (lado holandês) e Saint Martin (francês) é experimentar um pouquinho de cada país, com a vantagem de ter aos seus pés aquele marzão azul-turquesa a perder de vista. França e Holanda conseguiram imprimir na pequena colônia, de 95 km2, a marca de suas culturas.
Adriana C. de Mattos |
Cais do capitão Hodge, em Philipsburg, que oferece divesas opções de compras, passeio no calçadão e bons restaurantes |
No lado francês, as praias são isoladas (muitas delas de nudismo). Os resorts, luxuosos. A comida rendeu à ilha a denominação de capital gastronômica do Caribe, com opções de culinária francesa, italiana, americana, cubana, mexicana, japonesa e créole, além de tantas outras.
A capital francesa, Marigot, chama a atenção por seus charmosos cafés e bistrôs repletos de mesinhas nas calçadas. Sob o olhar protetor do forte Louis, erguido no século 18 por ordem do rei Luís 14, um shopping recém-construído coloca à disposição dos freqüentadores as mais famosas marcas do mundo. Mas o tradicional mercado à beira da marina continua lá. É ele quem dá cor à paisagem com produtos locais, artesanato e suvenires para todos os bolsos.
No lado holandês, o movimentado porto e as disputadas lojas conferem um ar de centro comercial e turístico, característico da matriz européia. Na capital, Philipsburg, é possível andar pelo calçadão e acompanhar o vaivém dos barcos e dos enormes navios de cruzeiro americanos e europeus.
Na agitada Front Street, é a vez de jóias, roupas, eletrônicos e perfumes roubarem a atenção de quem passa, atraído pelas vantagens de fazer compras em uma região 'duty free', ou seja, livre de impostos. Mais adiante, a Old Street reproduz com exatidão a rua homônima, que fica lá na Holanda.
Adriana C. de Mattos |
Loja de venda de produtos derivados de guavaberry, fruta típica da ilha de Sint Maarten/Saint Martin, localizada no Caribe |
Ah! Tem mais um detalhe que faz toda a diferença: a influência caribenha. A cultura não foi abafada com a divisão européia. Ela está lá. Presente na culinária, no povo, na música e no astral dos dois lados da ilha.
Trânsito caótico
Mas é saindo das capitais que a diversificação realmente começa. As atrações são variadas e vão muito além das praias paradisíacas de areia branca, água cristalina, céu azul e sol escaldante, tão cobiçadas graças aos cartões-postais caribenhos.
É claro que é preciso se programar. A circulação pela ilha é o ponto fraco da viagem. Mesmo sendo possível fazer a volta toda de carro em aproximadamente duas horas, o trânsito pode atrapalhar um pouquinho os seus planos.
O fluxo de veículos é intenso na via principal, que dá acesso a praticamente qualquer ponto de ambos os lados da ilha. Não há nenhum tipo de controle de fronteira entre Sint Maarten e Saint Martin. Mas, ao longo do dia, os carros revezam a passagem com os barcos por causa da abertura das pontes sobre os dois canais que ligam o mar e a lagoa Simpson Bay. Se for parado pela interrupção do trânsito, o motorista pode esperar um bom tempo por lá.
Pelo menos não há melhor maneira de se revigorar do que aproveitar uma ou, de preferência, várias das atividades disponíveis, tanto no lado holandês como no francês. Durante o dia, é possível andar a cavalo, praticar snorkeling, mergulho ou windsurfe. Passear de bicicleta, fazer caminhadas, trilhas, velejar e visitar pontos históricos ou até uma fazenda de borboletas completam a agenda.
Adriana C. de Mattos |
Cassino Royale, que fica em Maho Beach, localizada na ilha de Sint Maarten/Saint Martin, no coração do Caribe |
Uma coisa é certa. Gostoso mesmo é sair de caiaque pela lagoa Simpson Bay, programão que agrada a todas as idades. Um dos passeios, com duração média de duas horas, tem como ponto de partida o forte de Plaisance. É de lá que o guia começa a traçar um panorama histórico da ilha.
Conforme o visitante rema, a paisagem ganha forma ao redor. No meio do percurso, uma parada para avistar o "cemitério de embarcações". Em partes mais rasas, dá para ver parte da estrutura delas fora d'água. Vestígios do furacão Louis, que passou com toda força pelo local em 95. Pausa para respirar em frente ao manguezal, onde o guia explica, detalhadamente, a importância desse tipo de vegetação para o ecossistema da ilha.
A tarde começa a dar sinais de despedida. Momento de preguiça em um dos bares ao redor da lagoa para apreciar o drinque mais popular da região: o "guavaberry colada", feito com uma fruta local. À noite, a gastronomia é uma atração à parte. São cerca de 350 restaurantes estrelados com a mais completa variedade de pratos. Se ainda houver disposição e dinheiro suficiente, os cassinos fazem a cabeça da turistada.
Aí vai uma dica: guarde seu tempo para recarregar a energia. Você vai precisar dela no dia seguinte.
Adriana C. de Mattos viajou a convite do St. Maarten Tourist Bureau com o apoio do cartão Travel Ace Assistance.
Para quem
Procura um cenário caribenho paradisíaco com um toque europeu, com ferveção dia e noite. É ainda uma boa opção para lua-de-mel
Quando ir
Faz sol o ano todo. É recomendável, porém, evitar o período de chuvas fortes e furacões, entre agosto e outubro. De dezembro a janeiro ocorre a alta temporada, quando os lugares ficam bombados de norte-americanos. Portanto em julho, em pleno verão caribenho, os preços são na verdade mais baratos
Fuso horário
-1h
Moeda
Florim no lado holandês; US$ 1 = 1,79 florins. Euro no lado francês; ¤ 1 = R$ 2,53. Euro e dólar são aceitos nos dois lados
Idiomas oficiais
Holandês, em Sint Maarten, e francês, em Saint Martin; o inglês é corrente em toda a ilha
Dica
Em Sint Maarten, no lado holandês, não é necessário visto para brasileiros. Quem fica hospedado na parte francesa, porém, precisa do documento, apesar de o trânsito entre as duas regiões ser livre, sem nenhum tipo de controle de fronteira
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