Isolado, Suriname mescla estilo colonial e diversidade étnica
Visitar uma centenária catedral holandesa erguida em madeira. Comer em um tradicional restaurante javanês. Assistir a um festival hindu. Passear de barco por um rio amazônico.
Dá para fazer tudo isso no mesmo lugar e em um país vizinho ao Brasil. Com apenas 250 mil habitantes, Paramaribo, a capital do Suriname, cativa o visitante pela sua arquitetura colonial e impressionante diversidade étnica.
Localizada na esquina nordeste da América do Sul, o Suriname é um paradoxo de região inóspita e isolada do resto do mundo com ar cosmopolita: convivem ali hindus, javaneses, descendentes de escravos africanos, etnias indígenas e chineses, além de um pouco de holandeses, os antigos colonizadores, que deixaram a língua oficial.
Ayrton Vignola/Folhapress | ||
Forte Zeelandia fica na capital do país e data do século 17 |
Há também uma importante comunidade flutuante de brasileiros, envolvidos principalmente com o garimpo e, no caso das mulheres, prostituição.
O turismo no país ainda é incipiente e basicamente se resume a visitantes holandeses, interessados em incursões na selva, logo ali. A proximidade geográfica e cultural com o Caribe é uma miragem: apesar do litoral e do clima tórrido, a costa oceânica é quase toda de mangues –nos fins de semana, os surinameses se refrescam em riachos na selva.
Para o visitante estrangeiro, o pequeno aparato de agências e hotéis se concentra na Kleine Waterstraat, às margens do rio Suriname, incluindo o melhor hotel do país, o Torarica.
Dali, é possível conhecer a pé o centro histórico, declarado patrimônio da humanidade pela Unesco. Este repórter recomenda que se comece às 6h, para evitar o calor, o maior perigo na cidade –praticamente não há delinquência urbana.
O destaque ali é a bela Catedral de São Pedro e Paulo, que no início deste mês foi elevada à categoria de basílica. Inaugurada em 1885, está entre as maiores construções em madeira do mundo. Do lado de dentro, todo em cedro, o pé-direito alto, as abóbodas e os detalhes esculpidos impressionam.
Um pouco mais adiante, o símbolo da boa convivência surinamesa: a sinagoga Neve Shalom, mais uma bela construção histórica em madeira, é vizinha de muro de uma mesquita, erguida mais recentemente.
Na beira do rio Paramaribo, está o forte Zeelandia.
Datado do século 17, o prédio bem preservado guarda um pouco de tudo: um museu sobre o país, café holandês, lojinha e uma homenagem a 15 dissidentes fuzilados ali em 1982, quando o local era um centro de tortura no período ditatorial.
Não muito distante, um pequeno cais oferece ao turista a possibilidade de passear pelo rio, com ótimas vistas da cidade, e visitar, do outro lado, um museu a céu aberto, onde está outra fortaleza histórica.
Fora desse circuito turístico, vale a pena explorar o roteiro étnico, representado por restaurantes, mercados e, dependendo da época, festivais.
A culinária javanesa é o destaque, com diversos restaurantes, localizáveis pelo nome "warung". A maioria fica na região de Blauwgrond. Um dos pratos mais populares é o "bakabana", improvável combinação de banana empanada com molho de amendoim apimentado. Mas não faltam opções hindus e chinesas.
LABIRINTO
Os mercados são os melhores lugares para sentir o pulso de quem vive na cidade. Nos dias de semana, o Mercado Central é um labirinto de bancadas com produtos alimentícios e banquinhas de comida. Nas imediações, há também um mercado de animais vivos, de pássaros cantores (uma obsessão nacional) a macacos.
No domingo, é a vez dos mercados étnicos. Há dois chineses, para atender à crescente comunidade do gigante asiático, e um javanês, onde dá para comer um delicioso coco com farinha de milho enrolado em folha de bananeira e tomar a versão local da raspadinha.
O Suriname surpreende e diverte também nos detalhes. Até na hora do troco: as moedas de cinco centavos são quadradas.
Os cartões-postais incluem amontoados de latas amassadas de Parbo, a cerveja nacional. Na curiosa lojinha do forte Zeelandia, há fotos amadoras com representantes de todos os grupos étnicos e até um grupo de estudantes de enfermagem surinameses na Holanda, em 1959.
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